Um dia para se orgulhar

Opinião

Amanda Cantú

Amanda Cantú

Jornalista

Colunista do caderno Você

Um dia para se orgulhar

Por

Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

Escrever não é um processo fácil, e escrever sobre algo que não é nossa realidade, algo que não sentimos na pele todos os dias, é ainda mais difícil, por mais empatia e solidariedade que se possa ter.

Por isso, ao construir esta edição, tendo como certeza absoluta de que queria falar sobre uma data tão importante como o Dia do Orgulho LGBTI+, fui buscar ajuda de quem vive essa realidade todos os dias e compreende esta luta muito melhor do que eu.

Por isso também que, neste espaço, coloco minhas palavras de lado para dar lugar à voz de quem entende do assunto. A fala abaixo é a visão da historiadora Jandra Cardoso Segabinazzi, uma das personagens da matéria principal desta semana. Obrigada pela tua voz, Jandra. Obrigada a toda a população LGBTI+ por não se deixar calar, por sua força e coragem, por sua existência, que por si só, já é resistência e luta por um mundo mais justo.

A data serve para lembrar do histórico de lutas por direitos e contra preconceitos e, ainda, para se refletir sobre o cenário desfavorável que nós LGBTQIA+ estamos vivenciando em nosso país. Verdade que muito foi conquistado ao longo dos anos, mas nada foi dado de graça, isso a história nos conta.

É um dia para orgulhar-se, sim. Se existem pessoas que devem orgulhar-se toda vez que abrem os olhos pela manhã, somos nós. Pois somos nós que resistimos todos os dias em uma sociedade que nos assassina fisicamente, estruturalmente e psicologicamente.

Somos nós que sabemos que existe amor além de toda e qualquer estrutura patriarcal e heteronormativa que nos é imposta. Somos nós que respiramos luta simplesmente por existir e não esconder nossas existências e nossos afetos.

Somos nós que vemos oportunidades profissionais se fecharem em nossa cara apenas por não sermos heterossexuais e, mesmo assim, juntamos forças para tentar de novo.
Somos nós que nos sentimos ameaçadxs ao sair para jantar com nossxs companheirxs. Somos nós que já engolimos o choro um milhão de vezes por uma violência sofrida por nossxs amigxs apenas por sua sexualidade, e que choramos de raiva por também já termos passado por isso e sabermos que não será a última vez.

Somos nós que temos força para existir em meio a toda essa violência estrutural que insiste em atravessar nossas vidas.
É um dia para orgulhar-se, sim.

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