Protocolo, cloroquina e torcidas!

Opinião

Rodrigo Martini

Rodrigo Martini

Jornalista

Coluna aborda os bastidores da política regional e discussão de temas polêmicos

Protocolo, cloroquina e torcidas!

Por

Vale do Taquari

A cidade de Lajeado será pioneira no interior do Estado com um protocolo de uso de medicamentos para combate à Covid-19. É um “kit” para os primeiros dias após o contágio, e que obviamente deve respeitar a vontade do paciente e a recomendação médica. A cloroquina e a hidroxicloroquina, defendidas a ferro e fogo por Jair Bolsonaro, fazem parte deste “kit”. A medida foi anunciada ontem pelo pneumologista e Secretário Municipal de Saúde Cláudio Klein. Logo após, correntes anti-Bolsonaro iniciaram uma onda de críticas.

Desde o início da pandemia, a cloroquina ultrapassa os limites do debate médico e clínico. Passamos a ler e ouvir a opinião de todos e de tudo sobre eventuais benefícios e malefícios da referida droga. Em discussão, os efeitos colaterais e a ainda baixa perspectiva de melhora entre os pacientes medicados. Em meio a isso, uma ala da Esquerda, bem ou mal articulada, tratou de alimentar uma verdadeira torcida contra o medicamento.

Do outro lado, a Direita tratou de fomentar a mesma cloroquina como sendo a salvação da pátria. Virou peleja.

Alheio aos extremos e aos extremistas, Klein se mostrou otimista com este protocolo que inclui, além da cloroquina, remédios como o Zinco na melhoria da resposta imunitária, e também a Ivermectina, Azitromicina e a própria Vitamina D. “É um conjunto de medicamentos que pode prevenir a replicação viral”, reforça. E tudo precisa ser ingerido nos primeiros dias da doença. Mais precisamente entre o 1º e o 5º dia após o contágio. Após isso, o efeito se perde, segundo o próprio especialista.

Ainda sobre os efeitos do medicamento, a FDA (Food and Drug Administration, em inglês), a agência que atua como a Anvisa nos Estados Unidos, anunciou nessa mesma segunda-feira a revogação da permissão emergencial para o uso da droga contra a Covid-19 em pacientes cujo estado é grave. Nesses casos, o órgão norte-americano afirma que “não é mais razoável acreditar que as formulações orais de hidroxicloroquina e de cloroquina podem ser eficazes”.

Secretário de Saúde de Lajeado segue a mesma linha da FDA. Klein foi taxativo na entrevista concedida ao Programa Frente e Verso da Rádio A Hora 102.9. Segundo ele, o uso da cloroquina não alterou o tratamento dos pacientes já internados na UTI. Ou seja, foi ineficaz para quem já estava em estado grave. “Entendemos então, com base em estudos de diversos pesquisadores, que o uso deste protocolo de medicamentos tem eficácia do primeiro ao quinto dia de contaminação”, reforça.

Ou seja, a esperança em Lajeado é pela eficácia deste polêmico medicamento nos primeiros dias de contágio, já que os efeitos foram considerados pífios para pacientes em estado grave – tanto aqui como nos EUA, ao menos. De minha parte, eu vou torcer para que este tal “kit” funcione e salve vidas, causando o mínimo dos mínimos em efeitos colaterais – ou, quiçá, nenhum. Afinal de contas, seria insensatez minha torcer pelo fracasso de um medicamento.


Retorno ao plenário

O vereador Paulo Tóri (MDB) cobra o retorno das sessões presenciais na Câmara de Lajeado. E com certa razão. Segundo o parlamentar, e por meio de requerimento apresentado aos demais colegas na sessão passada, a necessidade de retomada se deve ao fato de que “a maioria das atividades já foi retomada”, e o retorno deve obedecer todos os protocolos de saúde e seguir sem a presença de público. Resta saber a posição dos colegas do Grupo de Risco.

 


“Novo normal” e os coletivos

A nova concessionária responsável pelo transporte coletivo de Lajeado inicia os trabalhos na segunda-feira, dia 22. E a primeira missão do consórcio formado pela empresa Expresso Azul é apresentar um serviço de qualidade e sem riscos para a população durante a pandemia. Hoje, as aglomerações em algumas linhas colocam em risco todo o trabalho de combate ao novo coronavírus. Em Porto Alegre, fato semelhante gerou Ação Civil Pública contra o governo.

É preciso inovar. Apenas aumentar o número de linhas será insuficiente diante das constantes incertezas sobre o vírus chinês. E é isso que denota um movimento iniciado pelo Grupo Marcopolo. A companhia desenvolveu um ônibus (foto) com novo desenho de posicionamento de poltronas, com dois corredores, cortinas de proteção antimicrobianas, desinfecção dos veículos por névoa e uso de raios ultravioletas nos sanitários. É o “novo normal”.


Termo de Responsabilidade ao Grupo de Risco

Cerca de 30 servidores públicos da área da Educação já assinaram um Termo de Responsabilidade para o retorno ao serviço em Lajeado. Eles pertencem ao Grupo de Risco nessa pandemia. De acordo com texto do documento, todos assumem “a responsabilidade por eventual contaminação por Covid-19”, e com isso não poderão reclamar ou “requerer em desfavor do Município”.

De acordo com o Executivo, a regra para o Grupo de Risco é o tele-trabalho. Se isso não for possível, a pessoa pode usar horas já acumuladas no banco de horas, gozar férias já vencidas e, ainda, se não tiver, criar um banco de horas para desconto futuro. Se a pessoa não quiser estas condições e quiser voltar ao trabalho, ela assina esse termo para dizer que assume o risco.

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