Conselho aos governantes… quem se atreve?

Opinião

Carlos Cyrne

Carlos Cyrne

Professor da Univates

Assuntos e temas do cotidiano

Conselho aos governantes… quem se atreve?

Por

Lajeado
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Confesso que tive muita dificuldade para escolher um tema para esta coluna, não por ter ideias em profusão, mas pela falta delas. Em tempos de pandemia, o que pode chamar a atenção dos leitores? Depois de consumir um bom tempo, lembrei-me de um conjunto de livros, lidos ao longo dos anos e reunidos em uma publicação disponível na Biblioteca do Senado Federal, denominado Conselho aos Governantes. Ali temos Platão, Dom Pedro II, Nicolau Maquiavel, Erasmo de Roterdã, Cardeal Mazarino, entre outros tantos.

Apesar de constituir uma obra extensa, #ficadica, vale a pena investir um tempo, ler e apropriar-se dos ensinamentos que podem ser obtidos. Pois, mesmo não sendo um Governante, somos todos Governados, por aqueles que escolhemos ou não, e saber como Eles deveriam se comportar, na condução dos interesses dos que deveriam representar, pode auxiliar na fiscalização de suas ações. Em um momento de crise mundial, não só econômica, mas social, política… talvez refletir sobre a forma que estamos sendo governados pode ser uma boa.

Vou dar-me ao direito de transcrever alguns dos conselhos destes homens proeminentes, sem me atrever a dizer se são válidos ou não. Governantes e governados que o façam. Seguem alguns: tenha continência ao falar; seja ouvinte; não caia em contradição (Isócrates).

Emprega como ministros os quem compartilha segredos; todas as medidas administrativas deverão ser precedidas de deliberação; o governante deverá ter ministros e ouvirá suas opiniões (Kautilya).

A bordo do navio, não entregamos o timão aos mais nobres ou ricos, mas a quem for mais habilidoso para pilotar (no caso do país tenho dúvidas. Ok, eu não deveria manifestar); o caráter do governante continua a ser a âncora do navio Estado; tenha interesse em promover harmonia e debelar conflitos; em uma tempestade até mesmo o mais habilidoso marinheiro pede conselhos (Erasmo de Roterdã).

Nunca interprete arbitrariamente a lei, como costumam fazer os ignorantes (Cervantes). Observe três coisas: prudência para deliberar, destreza para dispor e perseverança para terminar (Marquês do Pombal); feliz é o governante que ajusta seu modo de proceder aos tempos; age francamente como amigo ou como inimigo; aquele que tem nas mãos os negócios do Estado não deve pensar nunca em si próprio (Maquiavel).

Faz com que o doente modifique seu estilo de vida (Platão) (o problema é quando o doente é o governante; ih, olha eu aí de novo).

Certamente todos nós temos considerações sobre os conselhos apresentados, mas seguindo um deles: é melhor ter prudência. O que me parece, pode ser consenso, é que muitos dos aconselhamentos não vem sendo observados por parte dos que nos governam (seja nas organizações do poder público, em algumas organizações empresariais ou não-governamentais). É necessário estar atento para que as nossas escolhas (se é que as fazemos) não levem a nos governar pessoas incapazes de atender ao que é esperado deles. Dar conselhos? Eu não me atrevo.

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