Sem creches, mães têm trabalho dobrado para cuidar dos filhos

Retorno das aulas

Sem creches, mães têm trabalho dobrado para cuidar dos filhos

O Governo do Estado anunciou nesta semana a retomada gradual das atividades de ensino, em cinco etapas até setembro. O plano prevê que as aulas presenciais voltem no início de julho, começando pela Educação Infantil. Até lá, quem tem filhos pequenos vive o desafio de conciliar trabalho, casa e cuidados com as crianças

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Sem creches, mães têm trabalho dobrado para cuidar dos filhos
Vale do Taquari
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Liziane Matias tem 32 anos, é mãe de Artur Pietro, de dois, e cria o filho sozinha. Sem poder contar com o apoio do ex-marido, é o avô paterno de Artur, de 51 anos, quem divide com ela a responsabilidade de cuidar da criança.

“Eu tive sorte que o avô dele veio de Forquetinha para morar em Lajeado bem na semana em que precisei. Ele trabalha com pintura e deixou alguns trabalhos para ficar com o neném”, diz.

O avô busca o menino pela manhã, quando Liziane sai para trabalhar, e leva de volta no fim da tarde. Essa foi a solução encontrada para que Liziane pudesse voltar ao trabalho. No entanto, é provisória.

Em junho, o homem precisa retornar ao trabalho e Liziane não sabe com quem vai deixar o filho. “Quem depende só de si sabe como é. Gente para cuidar tem, mas tem que pagar. Como eu vou pagar?”, questiona.

Sem auxílio

A empresa onde Liziane trabalha fechou as portas logo no início da quarentena. Sem carteira assinada, ela ficou 50 dias em casa sem receber.

“A gente poderia trabalhar em casa e ganhar por vendas. Mas com o neném junto, correndo para lá e para cá, não tem como eu trabalhar”, diz.

Sem computador em casa e com internet apenas no celular, ficou impossível acessar o sistema da empresa para fazer contato com clientes de todo o país.

A situação se agravou quando o auxílio emergencial de R$ 600 foi negado pelo Governo Federal. A alegação seria de que o auxílio havia sido pago para outra pessoa da família. Como não tem parentes próximos, ficou sem entender. Procurou a Caixa e recebeu a resposta de que nada poderia ser feito.

“Fui pedindo aqui e ali. Uma vizinha pagou minha conta de luz, para não cortarem. Negociei o aluguel com o dono da casa e consegui um rancho no Creas. E assim vou indo”.

Acúmulo de tarefas

Analista de RH de uma empresa de Lajeado, Thaísa Theves aderiu à modalidade de teletrabalho no dia 19 de março. O marido seguiu trabalhando fora de casa e a filha ficou sem a creche. Luiza, de três anos, frequenta a EMEI Espaço de Sonhos, no bairro Pinheiros, em Estrela.

Após um mês se dividindo entre o trabalho, as tarefas do lar e os cuidados com a filha, ela decidiu contratar uma funcionária durante o turno da tarde.

“A gente faz um malabarismo. Tem que ser mãe, tem que trabalhar, tem que cozinhar. É um desafio. Tive que chamar alguém para me ajudar, porque não estava legal”, conta.

Convívio familiar

Desde o início de maio, a escola envia atividades quinzenais por Whatsapp. Em função da idade da criança, Thaísa explica que o foco das atividades é o estímulo ao convívio familiar.

“Ela está um pouco enjoada de ficar em casa, sente falta de brincar com outras crianças. É bom que tenho oportunidade de ficar em casa. Eu estaria insegura de mandar ela para a escola neste momento”, avalia.

Thaísa procura ver o lado positivo da quarentena. Como a filha frequenta creche desde os quatro meses, a recomendação de ficar em casa proporciona um momento de convívio familiar mais próximo.

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