Vilões ou mocinhos?

Opinião

Adair Weiss

Adair Weiss

Diretor Executivo do Grupo A Hora

Coluna com visão empreendedora, de posicionamento e questionadora sobre as esferas públicas e privadas.

Vilões ou mocinhos?

Por

Lajeado

Quem tem razão, onde está a verdade ou o equilíbrio? Uma coisa é certa: não há como definir vilões, nem mocinhos, embora as redes sociais se encarregaram de apontá-los.

A disputa de interesses protagonizada pelo fechamento do comércio regional e de dois frigoríficos em Lajeado é, absolutamente, compreensível. Contudo, o tensionamento polarizado dos mais “nervosos”, definitivamente, não é um comportamento que devemos estimular. Não contribui.

As circunstâncias atuais são reflexo de uma pandemia no planeta. Não é isolada do Brasil e, muito menos, do Vale do Taquari. É uma traiçoeira doença que sequer dá sinais para a descoberta de vacinas. Portanto, não é algo comum, muito menos simples.

Não é por menos que dois ministros de saúde já caíram. O presidente da República, na sua ânsia de salvar a economia, insiste na retórica de que o problema principal será o desemprego e a fome. Tem suas razões, mas impõe uma divisão polarizada e distancia a harmonia no país.
Voltando ao nosso Vale, nos deparamos com o debate entre os defensores da abertura dos setores produtivos e os que desejam manter tudo fechado. Ambos têm argumentos razoáveis, são relevantes e justos, dependendo do ângulo que olhamos.

Talvez estabelecer uma compreensão mais equilibrada pode diminuir a zona de conflito extremo e assim nos permitir uma maior sensatez.

Vejamos: o Ministério Público cumpriu um papel importante ao chamar as empresas frigoríficas à responsabilidade. O cenário comercial para estas indústrias de alimentos no atual contexto é das melhores expectativas. Dólar alto e necessidade de comida no mundo tendem a engordar o caixa destas multinacionais.

O MP, um tanto ignorado no princípio, impôs sua prerrogativa e decidiu interromper as atividades. Assim, inverteram-se os papéis e o tempo virou. As empresas tiveram de ampliar o grau de negociações. O MP se manteve firme, apesar da pressão herculana.
Os líderes dos diferentes setores do Vale do Taquari foram encurralados por produtores apreensivos no campo, familiares destes na cidade, funcionários com medo da perda do emprego e uma série de outros problemas decorrentes da paralisação.

Os prefeitos das maiores cidades se reuniram, mas não chegaram ao acordo. Agiram por conta própria. O prefeito de Estrela entrou na Justiça contra a bandeira vermelha. O de Lajeado preferiu o caminho técnico e obteve resultado positivo com um ofício encaminhado ao Governo para reconsiderar alguns critérios acerca dos testes. Os demais aguardaram.
Todos tentaram fazer o seu melhor. Alguns menos e outros mais. As intenções também reuniram as entidades como Codevat, Amvat, CIC e Amturvales. Envolveram deputados, senadores e secretários de estado para alcançar o que a maioria considera equilibrado.
Nas redes sociais sobraram críticas, contra tudo e todos. Enquanto alguns ovacionaram a defesa pelo fechamento, outros condenaram. Todos com razões aparentes, sob seu ponto de vista pessoal.

Disso tudo podemos extrair pelo menos duas lições: o Vale precisa articular melhor suas forças políticas e sociais, e não pode acreditar cegamente em tudo que lhe mandam fazer.
Por outro lado, se ergueram a diplomacia e o respeito entre os atores evolvidos. E aqui posso testemunhar o embate respeitoso e produtivo entre o MP, os prefeitos, as entidades e as empresas, sejam indústrias ou do comércio e serviços.

Não fosse o bom senso e o permanente diálogo, apesar de tensionado na maior parte, não teríamos avançado tão rápido.

Encerro esta coluna com otimismo e cumprimentos pela postura dos envolvidos. Se a população ficou apreensiva e incomodada – com razão -, ao mesmo tempo pode se dar por satisfeita pelo enorme esforço na busca por uma solução equilibrada das partes envolvidas.

O jogo não terminou

A covid-19 ainda ronda nosso bairro, nossa casa e nossas vidas. Precaução e respeito ao inimigo desconhecido e invisível ainda é a melhor ferramenta a adotar. Espero que todos tenhamos compreendido o valor da articulação e cooperação coletiva, sem negações e “crucificações” descabidas. Definitivamente, não há espaço para oportunismo em momento como o atual.


A empresa Lyall de Lajeado fixou uma faixa no alto do edifício 300, em construção no bairro São Cristóvão. A frase “LAJEADO É FORTE. JUNTOS VENCEREMOS ESSA GUERRA. #AOBRANAOPARA”, pode ser vista da BR 386. Para o empresário Roberto Lucchese, a ideia é contribuir para o entusiasmo e criar uma energia positiva ao enfrentamento do atual cenário. A frase cabe ao momento, pois é hora de somar e não dividir.

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