Ser mãe no Brasil de 2020

Opinião

Amanda Cantú

Amanda Cantú

Jornalista

Colunista do caderno Você

Ser mãe no Brasil de 2020

Por

Vale do Taquari
Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

Muitos poderiam ser os temas para esta coluna na véspera do dia das mães. Poderia escrever sobre como considero corajosas as mulheres que escolhem ser mães no Brasil de 2020. Ou então sobre como considero a capacidade feminina de gerar vida dentro do próprio corpo algo magnífico e extremamente simbólico.

Poderia, ainda, falar de como a minha mãe é (desculpem, outras mães) a melhor mãe que eu poderia ter e, se pudesse escolher entre um milhão de outras mães, eu ainda assim escolheria ela, um milhão de vezes.

Mas preferi falar sobre a realidade das mães brasileiras, inclusive como forma de justificar porque considero corajosas as mulheres que optam pela maternidade. Falo pelas mães brasileiras pois não tenho conhecimento sobre a realidade de outros países, embora acredito que, infelizmente, não seja muito diferente da nossa.

Você sabia que quase metade dos lares brasileiros são chefiados por mulheres? A informação é da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua, do IBGE. Em muitos destes casos, esta mulher é uma mãe solo. A mesma pesquisa também aponta que cerca de 5 milhões de crianças não têm o nome do pai no registro de nascimento. O dado é de 2018, ou seja, hoje este número pode ser ainda maior. Falar sobre dias das mães também é falar sobre abandono paterno.

Outro estudo do IBGE, este de 2017, fala sobre como a maternidade tem impacto na empregabilidade das mulheres. É fato que mães recebem menos oportunidades de trabalho e promoções, e embora a licença-maternidade garanta estabilidade por um certo tempo, não é o suficiente para manter o emprego a médio prazo. Falar sobre o dia das mães também é falar sobre o descaso com elas no mercado de trabalho.

Por estes, e outros inúmeros dados e fatos, que considero as mães super mulheres. Como uma das entrevistadas da matéria principal desta semana me disse, “mãe é mãe 24 horas por dia”. Parabéns pela coragem de escolher a maternidade em uma sociedade que não é amigável com as mães. Parabéns a vocês que conciliam o cuidado com seus filhos aos seus empregos, aos serviços domésticos (que não são só sua responsabilidade!) e a sua vida pessoal, afinal, você tem o direito de ter um vida além da maternidade. Às mães que decidiram abdicar da carreira pela maternidade – e que tiveram o privilégio de poder fazer isso – parabéns também por esta coragem.

É clichê, eu sei, mas vocês merecem uma homenagem todos os dias, não só em ocasião de uma data comercial.

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