Incêndio abala comunidade

Mato Leitão

Incêndio abala comunidade

Futuro da fábrica da Calçados Beira Rio de Mato Leitão ainda é incerto. Fábrica parcialmente destruída pelas chamas emprega cerca de 850 pessoas

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Atualizado quarta-feira,
18 de Março de 2020 às 14:33

Incêndio abala comunidade
Vale do Taquari
Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

“Cena de guerra” e “tragédia” eram expressões usadas por quem viu as chamas na Calçados Beira Rio. O incêndio que acordou parte da população urbana de Mato Leitão iniciou por volta das 2h de ontem. Causas ainda serão identificadas pela perícia, entretanto há especulação que o incêndio ocorreu após curto circuito no exaustor de ar do setor de montagem.

Cerca de 70 funcionários do corte trabalhavam no momento. Enquanto ia ao banheiro, Aline Mallmann, 18, foi uma das primeiras a ver as chamas. Às 2h08min, ela ligou ao marido para avisar sobre o sinistro. “Estava desesperada. Falou que em menos de 10 minutos o fogo se alastrou por tudo. Não deu nem tempo de pegar os extintores”, relata Odair Matthes, 45.

O Corpo de Bombeiros de Venâncio Aires e Lajeado trabalharam na contenção das chamas com quatro caminhões e 10 profissionais. O fogo foi controlado quase cinco horas depois, às 6h30min. Durante a manhã, bombeiros seguiam o trabalho de resfriamento da estrutura.

Ninguém se feriu durante o incêndio que consumiu a maioria dos pavilhões da empresa. O Centro de Distribuição, construído faz cerca de quatro anos, não foi atingido.

Sem definições

Em conversa informal com funcionários na manhã de ontem, representantes da Beira Rio sinalizaram interesse em reconstruir a fábrica e ainda apontaram a possibilidade de realocação da maioria dos funcionários para unidades de Santa Clara do Sul e Roca Sales.
Em nota oficial divulgada à tarde, a Beira Rio agradeceu aos bombeiros, prefeito de Mato Leitão e a todos que “colaboraram para atenuar os problemas deste lamentável sinistro”. Entretanto não confirmou qual será o futuro da empresa.

26 mil pares por dia

A produção de calçados iniciou antes mesmo de Mato Leitão se emancipar. Em 1983, a empresa Dilly instalou um setor de costura no prédio onde atualmente funciona o Mercado do Bife. Cerca de 40 funcionários trabalhavam na época.
Em 1988, ampliou as atividades e foi transferida para a rua Leopoldo Aloisius Hinterholz. A Dilly fechou em 2006. Um ano depois, a Beira Rio se instalou no mesmo local.

Para a primeira prefeita de Mato Leitão, Eunice Inês Heuser o incêndio pode ser comparado com o período de um ano em que o município ficou sem empreendimentos calçadistas. “É um baque para a administração e uma tristeza para as famílias que têm os empregos comprometidos”, lamenta.

Para o prefeito Carlos Alberto Bohn, “esse é um momento de muita tristeza”. Ele acompanhou o trabalho dos bombeiros durante a madrugada e manhã de terça-feira. “Estamos à disposição da empresa para ajudar no que for necessário. Lamentamos muito o ocorrido”.
Cerca de 850 pessoas de Mato Leitão, Venâncio Aires, Cruzeiro do Sul e Santa Clara do Sul são empregadas na Beira Rio. A produção diária chegava a 26 mil pares de calçados – 10% da produção total entre todas unidades da empresa.
Às 7h de hoje, uma reunião com funcionários ocorre em frente à empresa.

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