As Máscaras e os Homens

Opinião

Carlos Cyrne

Carlos Cyrne

Professor da Univates

Assuntos e temas do cotidiano

As Máscaras e os Homens

Por

Brasil

Quando publicamos o texto “É possível acreditar nos homens? Você decide”, a colega Carmem Beschorner questionou sobre das motivações que levam as pessoas a serem hipócritas. Dizia: é por medo? Não deveria haver medo, pois vivemos em uma democracia, com liberdade de expressão.
Bem, como eu havia afirmado, temos muitas de nossas ações condicionadas pelo ambiente em que vivemos. Mesmo tendo liberdade de expressar nossas opiniões é preciso ter presente de que a sociedade, da qual fazemos parte, possui seus códigos de conduta e que, querendo ou não, é preciso respeitá-los.

Ainda pensando sobre os questionamentos levantados lembrei de um livro que li no distante ano de 2001: O Homem e suas máscaras, de Luiz Cuschnir e Elyseu Mardegan Jr, que faz uma análise da educação emocional masculina por meio da análise de comportamentos e máscaras utilizadas por eles durante toda a vida. Máscaras podem ser definidas como um dispositivo para cobrir o rosto, sendo utilizada para distintos motivos: lúdicos, religiosos, artísticos (wikipedia).
Também é possível afirmar que as máscaras servem para ocultar quem realmente está por detrás dela. Por vezes a máscara pode deixar de ser um adereço e passa a se tornar um símbolo de caráter enganoso, seja para construir a imagem de um super-herói ou de um vilão, mas nada mais é do que um disfarce para impedir a identificação de quem a usa. Em nosso cotidiano, na vida em sociedade, seja em família ou no mundo do trabalho, por quantas vezes nos valemos das máscaras para ocultar o que estamos realmente sentindo, o que estamos realmente pensando? Fazemos isso para nos proteger? Para enganar? Por não ter coragem de dizer o que deveria ser dito? Por ter dificuldades para dar e receber feedback?

Mais uma vez: Você decide. Em nossos cursos de administração aprendemos sobre uma ferramenta denominada Janela de Johari criada por Joseph Luft e Harrington Ingham em 1955 (veja que não é nada de recente), onde temos quatro quadrantes distintos (só vou comentar sobre dois): o Aberto, o Secreto, o Cego e o Desconhecido.
No aberto não há o que esconder, tanto eu quando os que me cercam têm conhecimento sobre o meu comportamento, é o que está na realidade objetiva (também já referida em texto anterior), o que não é possível contestar. Mas, onde entram as máscaras? No quadrante seguinte: o Secreto.

O que eu sei sobre meu comportamento, sobre minha forma de pensar que não quero que outros saibam? Se acredito que alguns aspectos da minha personalidade, dos meus medos, das minhas fraquezas devem permanecer ocultos…. uso máscaras.
Evito mostrar quem eu sou com receio de que as fragilidades expostas possam fazer com que minha equipe deixe de me respeitar, de me seguir. Por outro lado, a revelação de quem sou, do que penso, poderia fazer crescer o nível de confiança que possuem em mim e, assim, impulsionar para que revelassem as suas dificuldades, o que permitiria que soubéssemos de como agir para complementarmos uns aos outros e assim formar uma equipe forte.
Particularmente acredito que a sinceridade e autenticidade deveriam prevalecer na relação entre as pessoas, mas não é o que vejo no mundo organizacional e nem mesmo pessoal. Não sei dizer se o uso de máscaras é bom ou ruim, só sei que estamos majoritariamente usando-as, para o bem ou para o mal. Você decide.

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