Fluxo de caixa define a saúde das empresas

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Fluxo de caixa define a saúde das empresas

Falta de organização compromete resultados e a sustentabilidade dos negócios

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Fluxo de caixa define a saúde das empresas
Lajeado

Desafios das empresas de todos os portes, a organização do fluxo de caixa foi tema do workshop Negócios em Pauta de fevereiro. Valmor Kappler, Liviane Bald e Alexandre Guimarães debateram sobre as causas e consequências da falta de planejamento e disciplina no trato com os recursos do negócio.

Consultor e empresário contábil, Kappler foi professor de Ciências Contábeis na Univates por 31 anos e é um dos nomes mais reconhecidos do setor no Vale do Taquari. Ele iniciou o painel com uma apresentação das principais ferramentas utilizadas no controle do fluxo de caixa na organização financeira das empresas.

Conforme Kappler a saúde do caixa das organizações depende de disciplina, trabalho e conhecimento técnico. “Uma pesquisa do Sebrae mostra que 90% dos pequenos negócios não completam dois anos de vida, justamente porque é o período onde falta planejamento e orientação técnica.”

Para o consultor, o principal problema dos empreendedores é cultural. Um exemplo são pessoas que saem de uma empresa e decidem abrir um negócio, financiando equipamentos. “Abrem a empresa devendo, antes mesmo de ter um faturamento.”

Kappler acredita que os contadores têm o importante papel de fazer com que os empreendedores parem para pensar sobre o negócio e escrevam uma projeção realista de gastos e faturamento previsto. “Ano passado fui contatado por várias pessoas, muitas das quais mostrei que era melhor não começar o negócio. A inviabilidade nasce pela falta de orientação.”

Quando as empresas ficam sem recursos para viabilizar suas operações, geralmente recorrem aos financiamentos bancários para evitar o fim do negócio. Gerente de agência da Sicredi Integração RS/MG, Liviane Bald afirma que a maior parte das organizações que buscam o sistema bancário para socorrer o caixa são de pequeno porte.

“Existe uma grande diferença entre tomar crédito no desespero e fazer um empréstimo com planejamento”, destaca. Segundo ela, existem linhas de crédito específicas para casos de descompassos pequenos entre contas a pagar e receber, quando uma empresa precisa de recurso, mas tem previsão de receber os valores em curto prazo.

“Mas quando o empresário quer comprar um equipamento com dinheiro tirado do fluxo de caixa, pode se tornar um problema”, alerta. Para conceder financiamentos e empréstimos, a Sicredi solicita números detalhados e acaba construindo o fluxo de caixa da empresa junto com o empresário. Conforme Aline, muitas vezes o crédito é negado porque o investimento não é viável dentro da realidade do negócio.

Dificuldades na saúde

Quando o faturamento depende de recursos públicos, a organização do fluxo de caixa se torna mais complexa. É o caso do Hospital Bruno Born (HBB), instituição que optou pela filantropia, portanto precisa realizar pelo menos 60% dos atendimentos por meio do Sistema Único de Saúde (SUS).
Gerente financeiro da instituição, Alexsander Guimarães, afirma que o SUS representa 74% dos atendimentos e 44% do faturamento. “Para cada real que recebemos do SUS, gastamos R$ 1,45. Aí começa a grande dificuldade no caixa.”

Para ele, o fluxo de caixa precisa ser equilibrado e ter um planejamento com previsão para dois anos. Para tomar decisões corretas, recomenda observar a movimentação do caixa diariamente e elencar prioridades de pagamentos e saídas.

“No HBB a principal prioridade é a folha de pagamento, em segundo vem os honorários médicos, seguido dos pagamento de empréstimos bancários e dos fornecedores”, destaca. Se chegar no dia 5 e não tiver recursos em caixa para a folha, o pagamento dos fornecedores é cortado, e assim por diante.

Valmor Kappler acredita que o setor da saúde é um dos mais complexos devido a depreciação dos equipamentos, geralmente muito caros. Conforme Guimarães, a tecnologia avança muito rápido e uma máquina tem duração média de cinco anos. Depois disso, o equipamento não pode mais ser usado e a manutenção se torna inviável.

“A máquina pode trazer lucro, mas se você não fez uma reserva para comprar uma nova, ou vai parar de oferecer o serviço ou pedir financiamento”, aponta. Para ele, essa é uma avaliação que precisa ser feita não apenas na área da saúde, mas em todos os negócios que envolvem compra de maquinário.

“Não existe receita do bolo, mas é possível aprimorar o controle conforme a empresa”, ressalta. Uma empresa que dá prazo de 60 dias para seus clientes, mas paga os fornecedores com 30 dias de prazo, por exemplo, tem grande problema de fluxo de caixa. Outro ponto fundamental é o controle de estoque. Segundo Guimarães, uma empresa com estoque muito grande acaba por imobilizar recursos que podem ser necessários para a continuidade das operações.

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