Distribuição de riquezas: solução para problemas sociais e econômicos

Opinião

Cíntia Agostini

Cíntia Agostini

Vice-presidente do Codevat

Assuntos e temas do cotidiano

Distribuição de riquezas: solução para problemas sociais e econômicos

Por

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A má distribuição da riqueza produzida é um problema que afeta a todos no mundo. Não se trata somente dos problemas sociais causadores ou decorrentes da concentração de renda e nem de avaliar os problemas de distribuição a partir da benevolência dos mais ricos ou das responsabilidades do setor público. A má distribuição de riquezas gera um distanciamento enorme entre aqueles que ganham mais e aqueles que ganham menos, sendo os que ganham mais em número muito menor e com rendimentos muito maiores e uma gigantesca massa de pessoas ganhando muito pouco e não tendo condições de subsistir, por vezes.
Indicadores brasileiros dão conta que as 6 (seis) pessoas mais ricas no Brasil possuem a mesma riqueza que os 50% mais pobres. O índice de Gini é um indicador que mede a concentração de renda e quanto mais próximo de zero, menos desigual é uma sociedade e mais próximo de 1, mais desigual.
Em 2010, o indicador brasileiro era de 0,463 e em 2017, é de 0,514, ou seja, os resultados brasileiros pioraram. Se observarmos outros indicadores, como o Índice de Desenvolvimento Humano, os resultados foram melhores comparando a série histórica. No entanto, especificamente em se tratando das desigualdades sociais, o Brasil e diversos países no mundo, enfrentam esse problema a muito tempo. É diferente dizermos que temos territórios diversos no Brasil, isso sim temos, por isso, não é possível comparar estados tão diferentes. Mas temos problemas da nossa construção social e histórica que nos tornaram muito desiguais e isso sim temos que enfrentar, pois muitos dos problemas sociais e econômicos que temos é decorrente da nossa má distribuição de renda.
Somos, como diria Lavalle, uma sociedade patrimonialista, escravagista, patriarcal e ruralista. Mantemos muitas dessas características ao longo de nossa história e hoje ainda alimentamos, enquanto sociedade, vários dessas estruturas, e não damos conta, enquanto sociedade, de reverter vários dos nossos problemas. Uma sociedade desigual possui problemas educacionais, de saúde, de segurança, de assistência social, tanto para os pobres como para os ricos.
Uma sociedade desigual não possui mão de obra qualificada para trabalhar e sofre com a violência dos assaltos. Uma sociedade desigual possui muitas pessoas dormindo nas ruas e outras tantas que nem as enxergam mais. Uma sociedade desigual não possibilita maior consumo e geração de emprego e renda. Uma sociedade desigual possui um conjunto muito grande de pessoas que necessitam ser assistidas pelo setor público e não conseguem se inserir na vida cotidiana social.
Assim, os problemas decorrentes da concentração de renda não são somente problemas sociais e sim, também são problemas econômicos. Problemas estes entranhados em nossa formação cultural e que precisam ser enfrentados para não mantermos os ciclos viciosos que temos até os dias atuais.
Em um primeiro momento é fundamental as ações da assistência social, os programas de distribuição de renda, entre outros com essas características, para, na sequência, possibilitar programas de qualificação profissional, programas de inserção no trabalho e na vida cotidiana social. Não podemos enquanto sociedade acreditar que todos seguirão os mesmos caminhos e nem devemos pensar que isso seja possível ou viável, nós somos diferentes, mas temos o compromisso enquanto sociedade de nos tornarmos mais justos e mais iguais.

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