Após 13 anos morando em Brasília, o jornalista Rodrigo Bauer do Carmo, 42, mudou-se para Lajeado, para criar a filha. Trocou a assessoria de imprensa na área de política pela cozinha. Morador do Universitário, faz três meses ele criou um serviço de entrega de viandas.
• Como foi sua trajetória profissional antes da gastronomia?
Em 2004, eu fazia faculdade de jornalismo e era estagiário na Famurs quando recebi uma proposta para trabalhar na Confederação Nacional de Municípios, em Brasília. Achei uma grande oportunidade, porque eu sempre gostei de política e não estava nem formado ainda. Acabou sendo melhor do que imaginei. Fiquei 13 anos lá, tive grandes experiências com assessoria de imprensa.
Tive duas passagens pelo Ministério do Turismo, Associação dos Juízes Federais e na Presidência da República. No último ano do governo Dilma Rousseff, eu era secretário adjunto de imprensa.
• E por que voltou para o RS?
Em 2016, minha mulher engravidou e pensamos que era melhor ter a nossa filha perto da família e voltamos, primeiramente para São Leopoldo, onde moram os pais dela. Em julho de 2019, viemos para Lajeado, para ter uma vida um pouco mais tranquila.
• Já pensava em tornar isso profissão?
Desde pequeno, eu via meu pai cozinhando e achava bacana. Mas nunca tive muito conhecimento, nunca estudei. Era um hobby. Convidava amigos para irem lá em casa e fazia alguma coisa para comer. Aos poucos fui evoluindo, me aprimorando, experimentando. Quando eu vi, estava cozinhando bem e todo mundo elogiava.
• E como a gastronomia se tornou profissão?
Depois que viemos para Lajeado, minha esposa trabalhava em uma ótica no Centro e eu levava vianda para ela. Deixava sempre bem arrumadinha para que, quando ela abrisse, tivesse uma surpresa boa. Um dia caiu a ficha: por que não cozinhar profissionalmente? Por que não levar a sério?
• O que muda para você de cozinhar para os amigos ou como profissão?
Profissionalmente tem uma pressão maior. Quando é para os amigos, você está batendo um papo. Se pesar a mão no sal, avisa o pessoal e todo mundo entende. Quando você vai entregar para uma pessoa, a única relação com aquela pessoa é o momento em que ela fez o pedido. Daí bate aquela pressão, não posso estragar o almoço da pessoa, seria terrível.
• O que tem a ver jornalismo, política e gastronomia?
São coisas diferentes. Tem uma linha que segue de você procurar fazer sempre o seu melhor. No jornalismo político, você lida com questões muito delicadas. Uma palavra dita de forma errada é muito prejudicial. E cozinhando é a mesma coisa. Se você usa um tempero de forma errada, você não sabe como chegar no receptor do outro lado. Dependendo da forma como você usa a matéria prima ela pode ser prejudicial para alguém. Se você usar mal, vai repercutir de forma negativa. O segredo é fazer a matéria prima trabalhar por você. Isso depende só de você.