Alexandro Dias mudou-se para Lajeado faz cerca de um ano para abrir um negócio próprio. Na sua loja, garante que tem peças para quase todo tipo de aparelho eletrônico. E se não tiver, ele vai atrás. Em uma época de equipamentos cada vez mais descartáveis, Dias defende que consertar os estragados é econômico e ecológico.
Quando você começou a mexer em aparelhos eletrônicos?
Aos 11 anos eu já desmontava meus rádios em casa. Quando não conseguia consertar, eu aproveitava as peças. Fazia pequenas invenções com motor, como ventiladores. Aquela coisa de piá, só faz arte.
Com 18 anos, fui a Porto Alegre trabalhar como ajudante no ramo de assistência em refrigeração. Com seis meses de empresa, me tornei técnico formado. Aos 21 anos, eu tinha minha empresa de prestação de serviço. Fazia manutenção de equipamento de ar-condicionado e também elétrica e hidráulica.
Você trabalha com diversos tipos de aparelho. Os clientes fazem pedidos muito inusitados?
Tenho peça para cafeteira, aspirador, panificadora, liquidificador, panelas, forno, micro-ondas. Uma cliente queria peça para um vaporizador de roupa de uma marca chinesa. Só tinha na matriz, em São Paulo. Consegui o contato e passei para ela.
De onde vem a ideia do modelo da sua loja?
Eu pensava em abrir uma empresa de refrigeração, que era minha área. Uma vez cheguei na casa da minha mãe, em São José do Outro, e tinha que consertar o microondas, o cooktop, a centrífuga e me deparei com uma situação: não tinha peça na cidade. Isso me deu a ideia de trazer esse negócio para Lajeado.
Os aparelhos eletrônicos e os eletrodomésticos têm vida útil cada vez menor. Quando estraga, as pessoas jogam fora e compram novo. Qual a importância de consertar?
Eu vejo como uma questão de conscientização, não só uma visão de profissional. A tendência é as empresas fazerem coisas mais descartáveis, para elas se manterem vendendo. Se o produto durar 15 anos, você vai levar esse tempo para comprar um novo.
Mas é importante também a questão ambiental. Por ser barato, joga-se fora muito fácil. Muitos não pensam que o lixo eletrônico é bem pouco reciclado hoje. Vale mais a pena arrumar do que comprar um novo.