Segunda chance

Editorial

Segunda chance

O projeto para a implantação de uma fábrica dentro do Presídio Estadual de Lajeado é digno do reconhecimento da comunidade regional. Mais uma vez, o Pacto pela Paz demonstra que é possível atuar na área da segurança pública, não apenas…

O projeto para a implantação de uma fábrica dentro do Presídio Estadual de Lajeado é digno do reconhecimento da comunidade regional.
Mais uma vez, o Pacto pela Paz demonstra que é possível atuar na área da segurança pública, não apenas por meio do braço repressivo do Estado, mas também pelo seu braço acolhedor. Trata-se de uma poderosa ferramenta de ressocialização aos apenados e aproveita a capacidade laboral dos mesmos para o desenvolvimento de empresas e negócios locais.
Previsto na Lei de Execução Penal não apenas como um direito mas também como dever, o trabalho no cárcere tem finalidade educativa e produtiva. Além de profissionalizar, ele remunera e também provoca a remição da pena na proporção de três dias trabalhados por um dia de pena, com vantagens para o preso e a sociedade onde está inserido.
A iniciativa contraria uma lógica simplista que insiste em criar muros e dividir a sociedade numa falsa afirmação do “nós contra eles”. Em tempos de crise e embrutecimento social, se percebe essa compreensão de forma mais acentuada. Em meio à perda de valores, de descrença no poder público e de insegurança, há menos espaço para a fraternidade, a solidariedade e a empatia.
Quando o “eles” são presidiários, esse abismo é ainda maior. Não raro, comentários na internet voltam a tratar os detentos como escória e que o Estado não deveria gastar e sim adotar um regime com pena de morte. Esse radicalismo extremo pouco constrói. Seja qual o assunto, o antagonismo das posições afasta o diálogo e o entendimento.
O projeto em Lajeado consiste em uma aposta promissora. Pode não afastar todos os participantes das atividades da vida do crime, mas se conseguir tirar alguns, já terá valido a pena.
Mais uma vez, a mobilização comunitária se mostra uma força da região. Diante da falta de atendimento e políticas públicas de ressocialização do Estado, responsável pela administração dos presídios, Lajeado e a sociedade civil organizada se movimentam para proporcionar uma segunda chance aos detentos.

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