O prolongamento de dias sem chuva ou com pancadas irregulares prejudica a produção agrícola e abastecimento de água. Em âmbito estadual, um grupo foi formado para acompanhar os efeitos da estiagem, principalmente, nas plantações de milho e soja. O trabalho será executado por profissionais da Emater e Secretaria Estadual da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr).
Secretário estadual em exercício, Luiz Fernando Rodrigues Júnior classifica a estiagem deste veraneio como a mais grave desde a safra 2011/2012. “Nos últimos sete anos não tivemos comprometimento no potencial produtivo das lavouras e pastagens em função da restrição hídrica”, destacou.
Previsão do Centro de Meteorologia do Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária é de chuvas no estado apenas na segunda quinzena de janeiro. Expectativa para as próximas semanas são de sol, calor e pancadas esparsas.
Situação de emergência
Na região, municípios como Mato Leitão, Progresso e Boqueirão do Leão já confirmaram a situação de emergência. Pelo menos outras quatro cidades monitoram as condições climáticas para avaliar o decreto nos próximos dias.
A iniciativa dos governos municipais visa facilitar o recebimento de recursos e amenizar prejuízos dos agricultores, ajudando também a renegociação de dívidas. O registro pode ser relacionado à falta de água para consumo humano ou prejuízo na produção agrícola de pequenos produtores, interferindo na subsistência familiar.
Conforme a Defesa Civil estadual, a partir do decreto de situação de emergência, o município tem 20 dias para conclusão do processo que possibilita a homologação pelo estado e reconhecimento da União.
Perdas no tabaco
Produtores rurais já contabilizam os prejuízos com a estiagem. Em Boqueirão, a prefeitura estima perda de 32% na produção de tabaco no município, o que representa 2,6 mil toneladas a menos.
O agricultor João Homero da Silva, 67, amarga perda de 40% no cultivo de tabaco. A área com 75 mil pés deve produzir 5 arrobas/mil, contra nove no ciclo anterior.
“É uma situação que desanima o colono. Não sei se vai cobrir a despesa e, mesmo que chova nos próximos dias, não vai recuperar a planta”, lamenta o produtor.
Outro problema enfrentado na propriedade é a falta de água potável. A fonte natural secou e agora vai recorrer à prefeitura em busca de ajuda. “Investi R$ 1 mil faz cinco anos na escavação de poço e infelizmente ele também secou. Ainda tenho água para o gado graças a ajuda do vizinho”, revela Homero.