Uma paixão de adolescente que segue até hoje. Natural de Lajeado, o mecânico Éder Luis Sehnem, 50, lembra da primeira vez que viu um jeep. Ali projetou uma das metas de vida. Casado com Carla Moresco, pai da Milena e do Arthur, o Magoo, como é chamado pelos amigos, mantém o CJ3, ano 1951, como uma peça de valor imensurável.
• Por que virou jeepeiro?
Cara, acho que isso vem no DNA do homem. Basta dar uma volta na rua para ver. As crianças olham, apontam e ficam admiradas. É algo que mexe com a imaginação. Quando eu comecei a trabalhar, com uns 16 anos, tinha a Cantina do Sadi, ali no Centro Antigo e ele tinha um jeep. Eu passava todos os dias de bicicleta. Ali pensei: “um dia vou ter um desses”. Ali se criou um dos objetivos da minha vida.
• Quando conseguiu comprar o teu jeep e qual foi o sentimento?
Comprei em 1999. Era bem por essa época. Natal, fim de ano, não lembro exato. Foi um sentimento de muita satisfação. Lembro que meu pai era compra, criticava e dizia que era algo supérfluo, só para gastar dinheiro. A negociação foi toda por telefone. O jeep veio de Uruguaiana. Naquela época não tinha rede social, whastapp. Eu tinha poucas informações. O cara deu o valor. Na época, o pessoal estava vendendo por uns R$ 3,5 mil. Eu paguei R$ 1 mil mais R$ 500 de frete. Eu tinha 30 anos, tinha me casado fazia uns dois anos e minha filha, Milena, era nenezinha. Eu precisei fazer uma reforma geral no jeep. Ele veio sem freio, mal de pneu, a lataria estava podre. É um modelo civil de 1951 e hoje continua comigo. Meu jeep não tem preço.
• O que representa essa paixão pelo jeep?
Emoção, liberdade, aventura e companheirismo. O jeep me abriu um leque de novas amizades. Eu sou um cara mais na minha. Não sou extrovertido e demoro a me ambientar. Foi devido ao jeep que tenho muitos amigos. Hoje nos encontramos todas as semanas. Criamos a turma dos Lentos e Calmos. São 25 pessoas.
• Todos jeepeiros?
Não, alguns são “Zequinhas”.
• O que são “Zequinhas”?
É o cara que vai de carona (risadas).
• Qual a semelhança entre a vida e a trilha?
Sempre temos de ter limites. Tanto na vida quanto em uma aventura. É preciso ser regrado, pois há um risco de se empolgar e viver só para o jeep. Vira um vício, como álcool ou a droga. Quando vê, começa a gastar e o cara pode quebrar. Já vi gente se endividar por causa disso. Tem de ter disciplina, seja na vida ou nas trilhas. O que não pode é virar escravo da coisa.