Conviver com menos de 40 litros de água diários. Esse é o desafio de Ana Paula Rodrigues, Émerson de Oliveira e os dois filhos desde o Natal, quando iniciaram os problemas de abastecimento em Estrela. “O que corre durante o dia não enche dois baldes. Isso de água que temos para o higienização e necessidades domésticas”, lamenta Ana Paula.
Na casa vizinha, a situação é parecida. O casal Jonas Santos de Matos e Gabriela de Oliveira vão em familiares e amigos para poder tomar banho. “Nossa pia está cheia de louça. Só não lavamos na casa dos outros porque já seria demais”, conta Gabriela.
Relatos como das duas famílias foram expostos em protesto na manhã de ontem, 30. Cerca de 70 pessoas foram até a sede municipal da Corsan para reclamar do fornecimento insuficiente durante o verão.
O problema atinge o bairro Imigrante e parte dos bairros das Indústrias e Estados. Segundo estimativa da própria Corsan, são cerca de 500 residências que sofrem com a falta de água na época mais quente do ano.
No ato, representantes dos moradores foram recebidos na sala da gerente da Corsan, Silvani Scheid. Indignados, o restante do grupo entrou no prédio após cerca de uma hora de conversa.
Em alguns momentos, moradores entoaram gritos em coro clamando por água, além de pedirem a mudança na administração dos serviços de água e na gerência municipal da Corsan, caso o fornecimento não seja normalizado.
Também ironizaram a placa instalada dentro do prédio sobre a missão da companhia: Promover o saneamento ambiental, com preço justo e excelência nos serviços. “É fake news”, gritou um dos manifestantes.
Caminhão pipa e perfuração de poço
Um documento foi elaborado com promessas da Corsan para normalizar os problemas de abastecimento. A curto prazo, a companhia se comprometeu a levar água até o reservatório dos bairros com um caminhão pipa.
Também realizará análises para identificar pontos de vazamento que possam prejudicar o fornecimento. “Estamos trabalhando 24 horas por dia para acabar com a falta de água nos bairros”, afirmou a gerente de Corsan.
Para médio prazo, um poço tubular será perfurado em área verde do Loteamento Analise Gerhardt, no bairro Imigrante. Conforme Silvani, restam trâmites burocráticos e análises da água para que a obra inicie.
Corsan alega aumento de consumo
Conforme os moradores da área atingida, a falta de água nos meses mais quentes do ano é problema registrado faz mais de uma década. Eles lamentam a falta de investimentos da Corsan. “Há crianças sem água, gente acamada que não toma banho. As pessoas precisam de um mínimo de dignidade”, defendeu um dos moradores do Imigrante e coordenador da Defesa Civil de Estrela, Sandro Bremm.
A comunidade também questionou o aumento na conta, mesmo sem fornecimento de água em várias horas do dia. Conforme moradores, o ar que entra na tubulação também estaria sendo registrado e cobrado como líquido.
Silvani rebateu as críticas. Conforme ela, a Corsan ampliou em um milhão de litros a captação de água nos poços de Estrela neste ano. Mesmo assim, não consegue atender os bairros em função do aumento da demanda no verão.