Rodrigo tem razão!

Opinião

Ney Arruda Filho

Ney Arruda Filho

Advogado

Coluna com foco na essência humana, tratando de temas desafiadores, aliada à visão jurídica

Rodrigo tem razão!

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Não o conheço. Sei que ele é graduado em economia, que atuou no mercado financeiro como analista e que é considerado um dos “novos trombones da direita”. Tudo informação da rede. Porta-voz da guinada conservadora, atualmente ele escreve também para um jornal de grande circulação no RS, pautando seus artigos pela defesa do liberalismo econômico, diminuição do tamanho do Estado, críticas às políticas sociais, ao ambientalismo, ao feminismo e a todas as pautas chamadas “de esquerda”. O cara surfa a onda do antipetismo e da vitória de Jair Bolsonaro na eleição de 2018. Mas isso não vem de hoje, porque desde cedinho, tem mais de 10 anos que ele divulga as suas ideias nas mais variadas mídias.
Todos os finais de semana eu acabo lendo a coluna dele, discordando de muitos pontos e na maioria das vezes, mas insistindo em tentar entender as premissas do outro, suas justificativas e fundamentos. Foi o que fiz no último sábado e cheguei a me irritar com a primeira frase do texto: tem uma turma inconformada com a vitória de Bolsonaro nas últimas eleições. Muito óbvio isso, já que o inconformismo é o sentimento maior dos derrotados. Mas insisti e prossegui na leitura, me deparando com o argumento de que a plataforma que venceu as eleições no país é diferente daquela “progressista”, defendida pela ala derrotada. A construção do raciocínio segue uma lógica, a lógica da mudança de pontos de partida, de conceitos. As premissas para a economia, para a política externa, para a cultura, para a educação, para o meio ambiente não são mais aquelas que nortearam os governos Fernando Henrique, Lula e Dilma.
Sendo assim, não deveria haver espanto ou surpresa no fato do novo Presidente nomear para o Ministério do Meio Ambiente um cidadão que não se alinha com as ONGs. Não deveria haver surpresa na nomeação de um presidente da Funai que prega uma pauta “desenvolvimentista” para os povos indígenas. Não deveria haver surpresa na tentativa de voltar ao debate nacional o conceito de família, a partir das premissas das igrejas evangélicas pentecostais, assim considerada a família como a união de um homem e de uma mulher. E por aí se poderia prosseguir, com incursão nas demais esferas do Poder Executivo federal. Até aí eu concordo com o Rodrigo Constantino, não deveria mesmo haver surpresa.
Mas discordo dele quanto ao papel da oposição, pois o sistema democrático se funda no livre debate e na livre manifestação das ideias, que é o que sempre foi feito. FHC, Lula e Dilma, enfrentaram oposições ferrenhas em todas as áreas, inclusive da grande mídia. Até da Rede Globo e tudo dentro do jogo democrático. Sem chiadeira não há debate. Discordo também quando ele afirma que “ninguém sério leva mais a sério a turma dos direitos humanos”. Ô cidadão, direitos humanos são pauta universal e valor intrínseco na nossa Constituição. Simples assim.

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