Alunos organizam atos em defesa dos professores

Reação contra o pacote

Alunos organizam atos em defesa dos professores

Conforme a Seduc, das 88 escolas da região, três pararam e outras quatro estão de forma parcial. Já o Cpers estima que por volta de 30% dos professores aderiram aos primeiros dias de paralisação

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Alunos organizam atos em defesa dos professores

Estudantes organizam atividades em defesa dos professores ao longo dessa semana. Os atos começaram ontem, no Instituto Estadual de Educação Estrela da Manhã (IEEEM). Os mais de 200 alunos do curso de Magistério aderiram à mobilização. As aulas passaram a serem reduzidas. Mais grêmios estudantis de outras instituições prometem protestos.
 
Em reunião na tarde de ontem, professores e alunos conversaram sobre as condições enfrentadas pelos professores e como serão os atos na escola. De acordo com a diretora do IEEEM, Marisa Görgen, foram os alunos que procuraram os professores para comunicar a decisão de aderirem aos movimentos dos docentes.
 
Por ser uma escola com internato, havia o entendimento de que a Estrela da Manhã não poderia parar. Ficou definido que as aulas serão em turno reduzido. Depois, haverá rodas de conversas, confecções de cartazes e, na quarta, a deve ocorrer uma caminhada até a sede da 3ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE).
 
Na tarde de ontem, os estudantes foram para frente da escola. Com cartazes, palavras de ordem e panelaço, chamaram atenção de quem passava pela rua Júlio de Castilhos, em Estrela. Aluna do 3º ano, Andriele Oliveira, 18, ressalta o intuito de contribuir com a mobilização do magistério. “Seremos futuras professoras. Nos organizamos para ajudar, pois não há como a sociedade evoluir sem uma educação de qualidade.”
 
Conforme a Secretaria Estadual de Educação (Seduc), das 88 instituições de ensino da rede no Vale, três tiveram paralisação total ontem, outras quatro foram parciais. O Cpers promoveu assembleia na tarde de ontem no Colégio Castelo Branco para avaliar a mobilização.
 
A estimativa inicial sobre a adesão à greve na região gira em torno dos 30% dos educadores. O sindicato acredita que esse número tende a crescer nos próximos dias. A classe se posiciona contra o pacote de medidas apresentado pelo governador Eduardo Leite. De acordo com o chefe do Executivo gaúcho, a reforma estanca gastos públicos o pode gerar uma economia de R$ 25,4 bilhões em dez anos.
 

“O magistério está sendo atacado”

Na manhã de ontem, professores do Colégio Castelo Branco e da Érico Veríssimo foram para frente das instituições. Entre os manifestantes está a professora de Artes Belonice Medeiros da Silva.
 
Para ela, esse é um dos momentos mais delicados para o funcionalismo estadual. “Não estamos em greve por causa dos salários parcelados, dos cinco anos sem reajuste salarial. É mais grave. O magistério está sendo atacado.”
 
Sobre a participação dos alunos, a professora de Português e Literatura Magda Jandrey ressalta que eles têm conhecimento sobre os problemas enfrentados pelos docentes. “Quando o professor chega na sala de aula, desmotivado, com autoestima baixa, muitos adoecidos, os alunos percebem.”
 
Diante desse cenário, na manhã de ontem o Grêmio Estudantil da Érico Veríssimo se organizava. Alunos pintavam cartazes e se organizam para uma passeata no centro de Lajeado. A manifestação está prevista para amanhã.
 
O diretor do Colégio Castelo Branco, Marcos Dal Cin, conta que uma moção de repúdio às propostas do governo estadual será levada à câmara de vereadores de Lajeado. “Havia uma ameaça de ataque ao plano de carreira. Mas nenhum governo teve coragem de apresentar uma proposta tão agressiva.”
 

“Não paro pois não adianta”

Vice-diretora da Érico Veríssimo e professora do turno da noite, Silvana Battisti tem mais de 25 anos de magistério. “Já passei por tantas coisas. Nestes anos mudou muita coisa mesmo. Tudo para pior”.
 
Ela resolveu não aderir às mobilizações. “Admiro os colegas. Mas não paro pois não adianta. Estou prestes a me aposentar. Agora vou deixar esse luta para os mais jovens.” O movimento do governo de apresentar o projeto nas vésperas de um feriado e de convocar a assembleia em meio ao recesso fazem parte de uma estratégia para enfraquecer os professores, acredita Silvana.
 
Os professores emergenciais não aderem à greve por medo de serem exonerados, diz uma docente que não se identificou. “Apesar de receber parcelado, com atrasos todos os meses, é uma renda que preciso. Não posso abrir mão. Se nós entrarmos na greve e faltarmos um dia, no outro nosso contrato será encerrado”, afirma.
 
BOX MATÉRIA GREVE
 
 

FILIPE FALEIRO – filipe@jornalahora.inf.br

Colaboração:  EZEQUIEL NEITZKE – ezequiel@jornalahora.inf.br

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