Vazamentos

Opinião

Rodrigo Martini

Rodrigo Martini

Jornalista

Coluna aborda os bastidores da política regional e discussão de temas polêmicos

Vazamentos

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A imprensa historicamente vaza documentos públicos e sigilosos. A forma como esses arquivos são publicados é que difere um meio de comunicação de outro. E a reportagem divulgada na noite dessa terça-feira seguiu o padrão recente de “vazamentos”. É o mesmo modus operandi verificado nos meses anteriores ao processo de impeachment da ex-presidente, Dilma Rousseff (PT), e tão aplaudido e compartilhado entre eleitores do atual presidente, Jair Bolsonaro (PSL). Ou seja, nada de novo no front e o dano já está causado.
O conteúdo do vazamento de terça-feira, que em um primeiro momento envolveria o atual presidente no enredo do assassinato da vereadora carioca, Marielle Franco, era confuso desde o início. A própria reportagem foi além do testemunho prestado à polícia pelo porteiro, e provou que Bolsonaro não estava no Rio de Janeiro no momento em que um dos assassinos teria solicitado acesso para uma eventual visita à sua residência.
Ainda, na manhã dessa quarta-feira, um dos filhos de Bolsonaro apresentou a lista de áudios gravados no dia da suposta visita. E nos arquivos apresentados por Carlos Bolsonaro não há qualquer ligação da portaria para a casa do atual presidente, desmentindo outra vez o depoimento do porteiro à polícia. E na tarde de ontem a procuradora do Ministério Público, Simone Sibilio, chefe do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (GAECO), afirmou que o porteiro se equivocou no depoimento.
Todos os recentes governos sofreram com esses vazamentos muitas vezes mal explicados. Governos de Esquerda ou de Direita. E muito provavelmente será assim com aqueles que ainda virão. Parece fazer parte do jogo, e quem assume determinados cargos precisa, infelizmente, se acostumar com isso. Em certas posições políticas, é em meio às ondas gigantes que aprendemos a navegar, e não basta um esperneio histérico para o navio se estabilizar. O dano está feito, é verdade. Mas a vida segue e é preciso serenidade.

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