O Rio Grande necessário

Opinião

Ardêmio Heineck

Ardêmio Heineck

Empresário e consultor

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O Rio Grande necessário

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Vemos que as ações do governador Eduardo Leite são coerentes ao seu plano de governo. Focaram, de início, a construção de estrutura de funcionamento para o Estado que respalde a recuperação econômica e financeira. Mesmo jovem, dono de terminologia e de argumentação claras e consistentes, mostra-se um político hábil, coerente com o ideário do seu Partido.
Quando eleito, soube formar base sólida de apoio na Assembleia Legislativa, assim como um “núcleo duro” de governo, com secretários técnicos, de sua confiança e próximos a ele.
Recentemente concretizou importante medida ao aprovar a privatização de CEEE, Sulgás e CRM. Sem entrar no mérito da, atende a regras impostas pelo governo federal para auxiliar nosso estado e concretizar a assinatura de ajuste financeiro com a União, o que viabiliza a reestruturação da nossa dívida e o não pagamento, por até seis anos, das suas parcelas mensais, bilionárias. Gera um alívio no caixa do Estado e possibilita a obtenção de empréstimos. Somado ao dinheiro das privatizações, passará a ter dinheiro para a regularização de dívidas públicas a saldar – principalmente folha de pagamento – e para investimentos imprescindíveis à retomada do desenvolvimento.
Nesta linha, se movimentaram os ex-governadores Yeda Crusius e José Ivo Sartori, priorizando o controle das contas públicas, as privatizações e políticas de estruturação administrativa do RS. Só que a administração de um Estado não é só olhar a coluna das despesas. A das receitas contribui muito na solução de um déficit como o nosso.
Na história recente, os governadores Adolfo Britto (1995/1998 – PMDB) e Tarso Genro (2011/2014 – PT), mesmo que em partidos com programas opostos, coincidiram na implantação de políticas desenvolvimentistas. A necessidade de gerar receitas, através de políticas públicas setoriais claras e acessíveis a todos, era a preocupação de ambos. Britto ancorou seu programa em três secretários, sintonizados entre si: Nelson Proença (Indústria e Comércio), Cezar Schirmer (Agricultura e Pecuária) e Cezar Busatto (Fazenda). Tarso teve a mesma diretriz: o líder empresarial Mauro Knijnick (Indústria e Comércio), Luiz Fernando Mainardi (Agricultura e Pecuária) e Odir Tonolier (Fazenda).
O governador Eduardo Leite tem se manifestado neste sentido, priorizando, contudo, as reformas estruturais. Entendo que as duas questões devem coexistir. Vemos queda na arrecadação estadual, reflexo da atividade econômica estagnada, decrescente até. Basta olhar ao redor. Startups, inovação tecnológica, captura de investimentos externos, solução dos problemas logísticos, etc., que têm sido apregoados como estratégias de desenvolvimento, são válidos, mas têm maturação demorada. Há medidas de resposta mais rápida. No agro, por exemplo, Schirmer e Mainardi trabalharam via câmaras setoriais com resultados a curto prazo. Assim, também, isolaram a interferência das corporações na gestão estatal do setor, as quais apenas pensam no seu segmento e nos seus dirigentes. A Câmara Setorial horizontaliza a captura de sugestões e o estabelecimento de políticas que alavanquem o empreendedor, de qualquer porte. Nos setores secundário e terciário (indústria, comércio e serviços), não é diferente. Há toda uma base de mini, pequenos, médios e grandes empreendedores daqui precisando ser alavancados. De imediato, por exemplo, com uma urgente revisão fiscal que baixe o “custo RS” que lhes tira competitividade. É o chamado crescimento endógeno. Através da nossa gente. O exógeno, com a captura de grandes investimentos externos é importante, mas mais oneroso e demorado. E temos pressa.

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