Menor oferta em 20 anos

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Menor oferta em 20 anos

Polinização foi prejudicada pela ocorrência de geada e impacta na safra de pinhão. Quilo custa cerca de R$ 12. Queda na produção passa de 50%, sendo a menor colheita das últimos duas décadas

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Menor oferta em 20 anos
Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

Na banca montada a beira da BR-386, na entrada do bairro Montanha, em Lajeado, a oferta de pinhão será menor neste ciclo. A maioria das sementes vendidas por Valdomiro Mânica chegam do Paraná. “Aqui a redução deve alcançar 50%, comparada com a safra anterior e por isso o preço subiu R$ 2. No entanto, a qualidade está muito boa”, constata.
 
Segundo ele, em 15 anos, esta é a menor oferta de pinhão já registrada. “A geada fora de época, em setembro, atrapalhou a formação de pinhas. E a ausência de frio também dificulta a venda”, observa. Por semana comercializa em torno de 400 quilos. “Até metade de junho não teremos mais pinhão”, avisa.
 
Com base em dados da Emater, a produção no Rio Grande do Sul deve reduzir em até 60% neste ano. Os preços já assustam os compradores: o quilo do produto pode chegar a R$ 12 em alguns comércios.
 

Geada fora de época

Segundo Rogério Mazzardo, engenheiro agrícola e gerente técnico da Emater/RS-Ascar, a araucária é uma planta bianual. “O que se percebe neste ano é que a produção da semente foi reduzida em função de ocorrências climáticas de 2017, tanto a sazonalidade quanto a distribuição pluviométrica, excessos de chuva, estiagem e geadas fora de época”, explica.
 
Para Mazzardo essas oscilações na produção são naturais. Mas, se neste ano as condições climáticas melhorarem, a expectativa é que as próximas safras poderão retomar o ápice produtivo.
 
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A expectativa é de colher entre 400 a 500 toneladas de sementes, de 30 a 50% menor do que a safra do ano passado, quando foram comercializadas 800 toneladas.
 
Essa pode ser a menor safra dos últimos 20 anos.
 

Pinhas estão vazias

Leonir Watte, de Boqueirão do Leão teme a extinção do pinhão. Esta é a pior safra dos últimos dez anos. Acostumado a colher 300 quilos, este ano estima uma quebra de 90%.
 
A queda na produção é atribuída ao fato da pinha demorar dois anos para se formar. Em 2017, as araucárias sofreram com uma geada fora de época e o excesso de chuvas. A polinização dos frutos foi dificultada, e por isso há mais falhas do que pinhões dentro das plantas que se formaram, explica.
Das 20 araucárias da propriedade, será colhida semente apenas para o consumo da família. Com a pouca oferta o preço disparou. “Chegam a oferecer R$ 10 pelo quilo. Há cinco anos, recebia apenas R$ 3,50”, compara.
 

Leia com atenção

A Araucária é uma planta nativa do Rio Grande do Sul, protegida pelo Ibama. De acordo com a Portaria Normativa Descrição DC-20 de 1976, é liberada a colheita e venda da semente a partir do dia 15 de abril, se estendendo até junho. Também proíbe o abate/corte da planta, salvo em exceções.
O Rio Grande do Sul é o terceiro maior produtor de pinhão.

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