PC investiga suposta  omissão de socorro

Morte de idoso em hospital

PC investiga suposta omissão de socorro

Funcionários teriam negado auxílio para conduzir paciente até o hospital. Idoso estava a 20 metros da entrada

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PC investiga suposta  omissão de socorro

Com um infarto em andamento, Ernesto Valeriano Domingo, 67 anos, se dirigiu até o Hospital Beneficente Santa Terezinha, por volta das 23h30 dessa segunda-feira, 13. Ao cair a cerca de 20 metros da entrada, familiares e voluntários pediram uma cadeira de rodas ou uma maca à recepção da casa de saúde para transportar o paciente. Contudo, a solicitação foi negada.
 
Além de gerar indignação por parte de parentes de Domingo e de quem acompanhou a situação, a postura da equipe da instituição resultou em um boletim de ocorrência registrado pela própria Brigada Militar do município, por suposta “omissão de socorro”. A direção do hospital, ligado à rede São Camilo, nega negligência e afirma que o fato está sendo apurado.
 
De acordo com informações da BM, Domingo teria começado a se sentir mal ainda em casa, algumas horas antes. Com histórico de problemas cardíacos, suspeitou que poderia se tratar de um infarto, pois há cerca de uma semana, ele havia passado por um procedimento de implantação de um stent.
 
Enquanto a esposa, Aida Terezinha Frigeri, ficou para fechar a casa, ele se deslocou a pé, sozinho, em direção ao hospital. Instantes depois, a mulher encontrou o marido caído, nas imediações da instituição. Ela teria gritado por socorro, e algumas pessoas que transitavam pelo local tentaram ajudar.
 
Esses voluntários foram até o hospital solicitar algum instrumento para conseguir carregar o idoso para o interior da casa de saúde e receber atendimento. O pedido não teria sido atendido pela equipe da recepção, porque isso desrespeitaria as normas da instituição.
 
Um dos voluntários acionou a Brigada Militar. Conforme o tenente Nilson Friedrich, subcomandante da unidade em Encantado, uma guarnição se deslocou até o local. Ao chegar, os brigadianos perceberam Domingo desacordado e pediram que um dos populares solicitasse de novo uma cadeira de rodas. Contudo, a solicitação mais uma vez foi negada.
 
Segundo o tenente, as imagens das câmeras demonstram essa movimentação, “praticamente na lateral do hospital”. O videomonitoramento mostra integrantes da equipe de plantão fora da casa de saúde observando a situação, mas sem se dirigir até o idoso para prestar auxílio.
 
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Um dos policiais, portanto, foi até a instituição. Este recebeu autorização para levar a cadeira de rodas. O paciente então foi conduzido ao hospital e recebeu atendimento. O médico teria constatado o infarto e tentado realizar uma reanimação cardíaca, mas o paciente não reagiu e morreu.
 
Os registros, depoimentos e imagens das câmeras foram encaminhadas à Polícia Civil, que deverá instaurar inquérito sobre o caso nos próximos dias.
 

“Eles demoraram”, desabafa filha

Ernesto foi enterrado na tarde de ontem, 14, sob um misto de luto e indignação. A filha Elisabete, 23, estava em Lajeado no momento do infarto, mas confirma a versão policial sobre os fatos. “Eles (Hospital) demoraram. Minha mãe estava sozinha e não sabia o que fazer. Ela não conseguiu carregar ele sozinha”, lamenta.
 
Conforme Elisabete, a família se pergunta o que poderia ter ocorrido de diferente caso ele tivesse sido socorrido com mais rapidez. “Foi o pior dia das nossas vidas.”
 

ALEXANDRE MIORIM – alexandre@jornalahora.inf.br

FÁBIO KUHN – fabiokuhn@jornalahora.inf.br

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