Olhar carinhoso ao solo gaúcho

Cultura

Olhar carinhoso ao solo gaúcho

Lajeadense lança seu terceiro livro, inspirado no interior do Rio Grande do Sul

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Olhar carinhoso ao solo gaúcho
Vale do Taquari
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Filho do Vale do Taquari, o escritor e professor universitário, Augusto Darde, 34, presenteou os amantes da leitura com um olhar novo e subjetivo sobre a cultura e belezas do interior gaúcho. O livro Ali Onde a Nuvem Começa faz um passeio por diversas localidades como a Linha Corvo, hoje município de Colinas, Marques de Souza, centro de Lajeado, rios Forqueta e Taquari.

A obra foi lançada este mês na Vitrola Livraria, no Shopping Lajeado. Na ocasião, Darde recebeu a também escritora Laura Peixoto para um bate-papo sobre literatura.

Darde também é autor dos livros As Bergamotas Começaram, Pequenos Poemas na Prosa e Creme de Avelã e Outros Estímulos. A obra Ali Onde a Nuvem Começa é uma publicação do selo Modelo de Nuvem da Editora Belas Letras e está disponível na Vitrola Livraria.

Livro

A Hora – Conte um pouco sobre sua trajetória como escritor

Augusto Darde – Como a maioria dos escritores da minha geração (nascidos nos anos 80), comecei a escrever num blog pessoal. Nele, eu criava poemas e tentava fazer análises sobre a existência e a humanidade, extremamente ingênuas, mas era uma maneira de tatear o mundo. Saindo da adolescência, comecei a perceber que escrever me proporcionava uma certa identidade. Não tinha amigos próximos com o hábito da escrita. Acabei conhecendo a Leticia Martines, lajeadense que também tinha blog e estudava num colégio diferente do meu. Hoje, a Leticia é jornalista e a minha melhor amiga, foi ela que escreveu o texto da contracapa do meu livro atual. Acho que é uma boa maneira de falar da minha trajetória como escritor: o início e como o início permaneceu. Entre tudo isso, me formei em Letras, publiquei dois livros de poesia de maneira independente. Ali Onde a Nuvem Começa é meu primeiro livro de contos e com editora.

Augusto

Qual foi a sua inspiração para esse novo livro e por que você acha que ele cativará os leitores?

Darde – Passei da poesia ao conto por uma razão principal: me agrada muito imaginar uma roda de pessoas em torno de uma fogueira ouvindo alguém contando uma história, essa tradição milenar. Não é a técnica o meu foco, mas sim o lado afetivo do conto. O mistério, o suspense e todo o conhecimento de vida e de mundo que uma narração, mesmo curta, proporciona. Se consegui colocar em prática, creio que esse aspecto orgânico é que pode ser bem positivo no livro.

As paisagens e cenas comuns ao cotidiano gaúcho estão muito presentes na obra. Quando e como você começou a lançar um olhar diferenciado e atento às coisas corriqueiras à maioria das pessoas?

Darde – No momento, estou fazendo doutorado sobre um poeta nascido no Uruguai e de família francesa, Jules Supervielle. Em 1922, ele publicou Débarcadères (Embarcadouros), um livro sobre as viagens entre América do Sul e Europa, em que são pintadas as várias paisagens desse percurso em navio. Desde 2016, estou imerso num universo literário que privilegia o espaço, a natureza, o olhar sobre o mundo físico e as diferentes culturas. Sem dúvidas, a minha pesquisa acadêmica influenciou a escrita do meu livro atual. E, claro, aproveitei esse olhar para fazer literatura com os espaços que me são familiares, o interior do Rio Grande do Sul, as breves viagens, as culturas em que transito.

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Como o processo de escrita desse livro mexeu contigo? Você se sente diferente ao lançar novos olhares e reflexões às coisas do dia a dia?

Darde – Foi principalmente nos eventos de lançamento do livro que percebi me sentir tocado: tive as primeiras reações de leitores. Em Porto Alegre, o poeta e editor Marco de Menezes e o meu amigo escritor Giovane Corrêa falaram sobre as suas impressões. Em Pelotas, a professora de Literatura da UFPel e colega Maristela Machado propôs uma detalhada análise de cada título. Em Lajeado, a escritora Laura Peixoto destacou a questão regional, o tema do interior e das vivências compartilhadas. Todas essas maravilhosas pessoas leram o meu livro com muito carinho e fizeram belíssimas falas sobre os contos. E eu vi em todas elas uma sincera alegria de falarem sobre literatura. Me senti tocado não por algo pessoal, mas por perceber fazer parte de uma causa e estar lutando por ela: a leitura, a arte, a cultura, que têm muitíssimo a nos auxiliar para entender a complexidade do mundo.

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