HBB faz transplante raro no país e inédito no Vale

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HBB faz transplante raro no país e inédito no Vale

Foi realizado nesta semana o primeiro transplante de microbiota fecal do Vale do Taquari. O procedimento, raro no Rio Grande do Sul e realizado poucas vezes no país, foi executado por uma equipe do Hospital Bruno Born na noite dessa…

HBB faz transplante raro no país e inédito no Vale
Vale do Taquari

Foi realizado nesta semana o primeiro transplante de microbiota fecal do Vale do Taquari. O procedimento, raro no Rio Grande do Sul e realizado poucas vezes no país, foi executado por uma equipe do Hospital Bruno Born na noite dessa segunda-feira, dia 29.

O caso

Por conta de um intenso tratamento com antibióticos para tratar de uma infecção no joelho, o paciente passou a ter uma diarreia severa. Foram realizadas três outras tentativas de melhoria com antibióticos, sem sucesso.

“A bactéria Clostridium difficile se aproveita dessa alteração da flora natural para proliferar-se, ocasionando uma doença chamada Colite Pseudomembranosa, que consiste em um quadro de diarreia liquida, com presença de sangue e pus, cólicas, febre e desidratação”, explica o médico Lucas Mallmann, professor da Residência de Clínica Médica do HBB, que chefiou a equipe. O grupo contou com o apoio de profissionais do Hospital de Clínicas de Porto Alegre.

A flora intestinal é o grupo de mais de 100 trilhões de bactérias que auxilia a digestão dos alimentos, além de monitorar o desenvolvimento de microorganismos que causam doenças.

Raras vezes a doença se mostra refratária ao uso dos antibióticos. Mas, nestes casos, é necessário “repovoar” o intestino com bactérias como se fosse de um intestino saudável. É este procedimento que é chamado de transplante de microbiota fecal, ou “transplante de fezes”.

O procedimento

Em geral, quem doa o material é um familiar ou pessoa que conviva com o paciente – por dois fatores: alimentação semelhante e questão psicológica. No caso do HBB, a doadora foi a esposa do receptor.

Depois de coletadas, as fezes são diluídas em soro fisiológico e colocadas no intestino do paciente através de sonda nasogástrica, enema retal, endoscopia ou colonoscopia, podendo ser necessária uma ou mais doses. “No caso do nosso paciente, optamos pela infusão via sonda nasoentérica (pelo nariz), pois além de ser menos invasivo, permite a recolonização desde a primeira porção do intestino”, informa Mallmann.

“Geralmente o procedimento é rápido e não se sente qualquer tipo de dor ou incômodo, gosto ou cheiro. No caso do nosso paciente, optamos pela infusão via sonda nasoentérica, pois além de ser menos invasivo, permite a recolonização desde a primeira porção do intestino. O material foi processado pela nossa equipe de residentes e alunos com auxílio do laboratório da Univates e em seguida transportado de volta ao hospital para a infusão” detalha.

Segundo o médico, o procedimento ocorreu sem nenhuma complicação ou queixa do paciente, que passa bem e teve sua situação regularizada.

Saiba mais

– A opção pelo transplante – que não é uma cirurgia – aconteceu devido ao insucesso dos tratamentos convencionais e pela alta taxa de sucesso em tratamentos desta forma.
– Diferente da doação de órgãos, o doador de fezes é sempre compatível – desde que seja saudável e não tenha tomado antibiótico nos três meses anteriores. Para ser doador, bastam exames de fezes e de sangue. – A solução que é inserida no paciente é composta pelas fezes do doador e soro fisiológico. Cada 500 ml de soro requer de 50 a 100g de fezes.
– A infusão das fezes pode ser feita por sonda no nariz, boca ou ânus.
– O procedimento é rápido e o paciente não sente nada, a não ser os efeitos normais de uma endoscopia ou colonoscopia. Em uma hora o paciente já costuma estar com suas fezes recolonizadas.

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