“Aprendemos muito mais que ensinamos”

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“Aprendemos muito mais que ensinamos”

Bruna Scheeren, 27, é estudante de Letras e voluntária no projeto de extensão da Univates, Veredas. Ela ministra aulas de Português aos imigrantes e desenvolve atividades de artesanato, poesia e esporte com as mulheres do presídio feminino. • O que…

“Aprendemos muito mais que ensinamos”

Bruna Scheeren, 27, é estudante de Letras e voluntária no projeto de extensão da Univates, Veredas. Ela ministra aulas de Português aos imigrantes e desenvolve atividades de artesanato, poesia e esporte com as mulheres do presídio feminino.
• O que te levou a querer fazer voluntariado?
Morei um tempo no exterior, e quando voltei l estava um pouco perdida sobre o que eu ia fazer. A faculdade que eu cursava não batia mais com os meus objetivos e tinha que decidir o que estudar. Uma vez eu estava escutando a rádio e ouvi uma entrevista sobre o Veredas. Eu me interessei pelo projeto e conversei com as professoras que organizam. Contei a minha história e elas me aconselharam a cursar Letras e entrar para o Veredas. Comecei a frequentar as aulas e estou até hoje aqui, apaixonada pelo que faço.
• Como é ser voluntária?
Sou voluntária do Veredas há mais ou menos um ano e meio. Tenho muito orgulho de participar desse projeto e ver o quanto ele vem crescendo. Costumo dizer que o Veredas é o projeto da minha vida, por isso, ele é tão especial. Sinto que tenho um propósito para fazer esse tipo de coisa. Eu gosto muito. Sempre podemos contribuir e ajudar de alguma forma. A gente aprende muito sendo voluntário, eu tenho essa vontade de fazer a diferença. Temos a possibilidade de conhecer diferentes culturas, religiões, princípios e propósitos. Isso é muito enriquecedor. A gente aprende a valorizar o que tem. Aprendemos muito mais do que ensinamos.
• De quantos projetos voluntários participa?
Este projeto de extensão tem seis eixos. Eu participo de dois trabalhos, na linguagem e ensino, onde ministro as aulas para os imigrantes, e também no presídio feminino, com o projeto Linguagem e Corporeidade. Nas aulas com os imigrantes, nos encontramos uma vez por semana do Castelinho. Com o apoio da Univates, temos apostilas que são mais focadas para as necessidades emergenciais deles, como o mercado, postos de saúde, farmácias, escolas e vamos avançando conforme vão indo. No presídio feminino, as oficinas são mais de intervenções ligadas com o corpo, por isso, fazemos atividades de fotografias, artesanato, poesia, danças, exercício físico e esporte uma vez por semana.
• Alguma história te marcou neste tempo?
Quando escrevemos o livro do Veredas, cada voluntário entrevistou alguns imigrantes que participaram do projeto, e depois escreveu uma narrativa para o livro. Conversei com o Miguel, que era haitiano, e ele era muito sonhador. Quando perguntei dos sonhos, ele me respondeu que o sonho dele era aprender a falar português. Aquilo me marcou tanto, porque ele não deixou o seu país porque quis, ele precisava. Ele chegou em um país muito diferente, com outra cultura, e para ele saber a língua era uma necessidade.

Bibiana Faleiro: bibiana@jornalahora.inf.br

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