O presidente eleito Jair Bolsonaro adaptou o discurso ao longo da campanha. Em alguns momentos, teve posturas mais equilibradas em comparação com os quase 30 anos como parlamentar. Ainda assim, na ambiguidade dos pronunciamentos antes e pós-campanha presidencial, manteve dúvidas inclusive frente à legião de seguidores.
As falas enfáticas, os gestos como se empunhasse armas e o desdém com alguns grupos sociais legitimam atos dos seus eleitores. Chegou o momento de o presidente eleito ter consciência de que não é mais um deputado. Agora é um estadista, o chefe maior da República.
Essa é a principal missão do capitão da reserva. Nenhum desafio será maior do que governar o Brasil, um país heterogêneo, miscigenado, de várias crenças, costumes e tradições. Seguir com a postura de punho cerrado e faca entre os dentes nas entrevistas apenas fortalece o radicalismo e alimenta a violência.
Como resultado, cidadãos que nunca tiveram problemas com a Justiça terão de responder pelos seus atos. Um exemplo está na filmagem de um homem disparando seis vezes pela sacada de seu apartamento no centro de Arroio do Meio.
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A atitude na comemoração da vitória de Jair Bolsonaro foi uma anomalia, mais do que isso,um crime, com punição prevista de até quatro anos de prisão. Trata-se de um cidadão sem registro criminal e que agora terá de responder por um erro, por um comportamento impulsivo, que sem dúvida resultará em preocupação para ele e toda a família.
Passadas as eleições, é fundamental pacificar o país. O Brasil já está mergulhado em uma crise sem precedentes faz muito tempo. A sociedade precisa encerrar com essa polarização que distancia e cria barreiras entre as pessoas. Indiferente das vertentes políticas ou ideológicas, as relações humanas são balizadas pela lei.
Com base nas regras de conduta e convívio é preciso respeitar o outro, aceitar o contraditório e fazer valer os princípios da cidadania. Os grupos sociais precisam parar de se ver como inimigos. O fascismo e o comunismo são conceitos ultrapassados. A 2ª Guerra Mundial acabou, a Guerra Fria não existe mais e as armas não são solução para nada. Superar essas crenças e esses discursos é o primeiro passo. E ele deve ser dado pelo líder máximo da nação. Cabe a Bolsonaro o equilíbrio emocional para garantir a legalidade, o Estado de Direito e uma sociedade mais harmônica.
Editorial
Sobre tiros, crenças e democracia
O presidente eleito Jair Bolsonaro adaptou o discurso ao longo da campanha. Em alguns momentos, teve posturas mais equilibradas em comparação com os quase 30 anos como parlamentar. Ainda assim, na ambiguidade dos pronunciamentos antes e pós-campanha presidencial, manteve dúvidas…