“É possível pagar os salários em dia”

entrevista com eduardo leite

“É possível pagar os salários em dia”

Eleito nesse domingo, Eduardo Leite (PSDB) afirma que dentro de um ano não haverá mais parcelamento dos salários do funcionalismo. O ex-prefeito de Pelotas também se compromete a fazer reformas estruturantes e reduzir despesas do governo

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“É possível pagar os salários em dia”
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Eleito o governador mais jovem do país, com 33 anos, Eduardo Leite (PSDB) teve 53,6% dos votos válidos. Entre os compromissos, buscará a participação dos conselhos regionais de Desenvolvimento para fortalecer as aptidões regionais, planeja garantir o pagamento integral do salário dos servidores ainda no primeiro ano de gestão e promete reformas estruturantes do Estado, em especial a tributária.

A Hora – No governo atual, uma das principais reclamações dos líderes do interior era a pouca participação dos conselhos regionais. Desde a extinção do “Conselhão”, os Coredes se distanciaram das decisões do Piratini. Como será essa participação do interior no seu governo?

Eduardo Leite – Entendemos que é fundamental ter proximidade. Estabelecer um modelo de governança que permita o acesso das estruturas que planejam o desenvolvimento com base nas vocações regionais. Minha disposição, sim, é fazer isso. Sou um governador vindo do interior. Vencemos a eleição sem ter um mandato de deputado. Fui prefeito de Pelotas e agora eleito governador. Venho direto do interior para a capital. Temos o compromisso que o interior tenha participação nas políticas públicas do governo. Nossa ideia é aproveitar os debates e discussões de cada região para pensarmos alternativas viáveis para o desenvolvimento do estado como um todo.

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Uma das afirmações no Vale do Taquari é com relação a pouca representação política. Apesar de ser importante na economia gaúcha, há pouca proximidade com o alto escalão do poder público. Neste momento de organização do futuro governo, quais os critérios para o secretariado? E também qual a possibilidade de nomes da região, como o de Mariela Portz, integrar o próximo Executivo?

Leite – Os nomes ainda serão discutidos a partir da próxima semana. Vamos estruturar com calma a forma do governo. Saímos agora de uma eleição, são apenas dois dias do segundo turno, é cedo para estabelecermos nomes. No momento, trabalhamos na transição com o atual governo. Depois disso, veremos os nomes com mais afinidade para cada uma das funções. O Vale do Taquari, sem dúvida, tem dinamismo econômico e figuras capazes de dar uma importante contribuição para o governo. Esses líderes poderão vir a fazer parte da gestão, mas não há nada definido.

Uma das principais forças do Vale do Taquari está nas cooperativas. A partir disso, quais são suas propostas para aumentar e fortalecer o cooperativismo?

Leite – O sistema cooperativo é importante na economia do RS, em especial no setor de alimentos. É função do governo estimular essas organizações. Inclusive está no nosso plano de governo. Entre as propostas, precisamos garantir a competitividade de todo o sistema associativo. Há uma série de medidas para fortalecer esse segmento. Nós, enquanto governo, vamos buscar a redução gradual dos impostos, pretendemos investir no modal rodoviário para garantir menos custos logísticos, com estradas em boas condições para facilitar o escoamento das produções. Também pretendemos reduzir a burocracia para os negócios, garantir concessões de licenças e alvarás de funcionamento com mais rapidez. Queremos trabalhar em parceria com as cooperativas para agregar renda para a comunidade.

A relação do governo gaúcho com o funcionalismo foi complicada ao longo dos últimos anos. Como você pretende estabelecer essa relação?

Leite – Tenho um grande respeito pelo funcionalismo. Na campanha demonstramos isso. Participei do debate com os candidatos no fórum dos servidores, mesmo sabendo que as correntes políticas dentro dos sindicatos são diferentes das que eu defendo. Mas estive lá, mostrando disposição para o diálogo. Será assim ao longo dos próximos quatro anos. Como prefeito, estabeleci o diálogo como forma de construir soluções.

Temos como meta viabilizar o pagamento dos servidores integralmente, sem parcelamentos, ainda no primeiro ano de gestão. Vamos trabalhar com esse foco e com intenso diálogo com todas as categorias de servidores.

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O senhor promete reduzir a alíquota do ICMS gaúcho depois de dois anos. De que forma vai equilibrar o fluxo de caixa do Estado e diminuir o imposto?

Leite – O nosso governo tem esse compromisso com a sociedade gaúcha. Procuramos deixar claro na campanha a nossa agenda. Criamos uma agenda da competitividade para reduzir custos e a burocracia para as empresas voltarem a investir. Temos falado isso com responsabilidade. No momento, não é possível uma redução abrupta do ICMS. Precisamos prorrogar as alíquotas atuais para conduzir as contas do Estado. Nesse período, vamos nos dedicar a uma revisão profunda do sistema tributário. Associado a isso, pretendemos aumentar a receita pública para estimular atividades produtivas e também reduzir as despesas do Estado. Estou muito confiante de que isso é possível.

Sobre o relacionamento com a Assembleia Legislativa. Dos 55 deputados, 18 são da base governista. Como pretende trabalhar para garantir que os projetos essenciais do governo tenham aprovação do parlamento?

Leite – Com clareza na agenda. Temos propostas para o Rio Grande do Sul, e isso apresentamos durante a campanha. Passa por reformas estruturantes, privatizações e reestruturação da máquina pública. Com muito diálogo, vamos buscar as maiorias de votos necessárias para aprovar essas medidas. Em especial com os partidos com mais afinidade com as nossas ideias. Importante ressaltar, não se trata de propostas para sustentar o governador, mas a agenda proposta. Para dar curso aos projetos escolhidos pela população.

Filipe Faleiro: filipe@jornalahora.inf.br

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