“A mecânica não é um bicho de sete cabeças”

Especialização

“A mecânica não é um bicho de sete cabeças”

Em evento inédito na região, consultora automotiva Alesandra Battisti palestrou para mais de 50 mulheres

“A mecânica não é um bicho de sete cabeças”
Vale do Taquari

Acabar com o tabu de que mulher não entende de mecânica estava entre os intuitos da primeira palestra “Só Para Elas”, promovida pela Associação dos Reparadores Automotivos do Vale do Taquari (Aravat). O evento inédito na região ocorreu na terça-feira, 23, e reuniu mais de 50 mulheres no Polo EAD da Ulbra, em Lajeado.

A programação contou com palestra da consultora automotiva Alesandra Battisti. Ela é gestora da Mecânica Colinas, de Santa Cruz do Sul, e repassou o conhecimento adquirido na prática, além de mostrar a força feminina com a história de quatro mulheres que mudaram o setor automobilístico.

Alesandra também abordou a direção preventiva, deu dicas sobre os cuidados e manutenção básica dos veículos. Entre os assuntos citados, estava o arrefecimento do motor, troca de óleo e luzes do painel. “Sempre pergunto ao público o que eles sabem que há dentro do carro? Tendo esse conhecimento, fica mais fácil de compreender a mecânica”, constata.

Participantes lotaram o Polo EAD da Ulbra para acompanhar a palestra na noite da terça-feira, 23

Participantes lotaram o Polo EAD da Ulbra para acompanhar a palestra na noite da terça-feira, 23

Uma das organizadoras do evento, Cândida Bettio relata a procura cada vez maior de mulheres por conhecimentos mecânicos. “Hoje as mulheres são independentes, têm o carro próprio e precisam se preocupar com a manutenção. As mecânicas já estão se atentando para receber melhor esse público”, destaca.

Além da consultora automotiva, o evento contou com participação da coach Daiane Nascimento. Ela explanou sobre a importância do tempo e gerenciamento de vida.

Mulheres que fizeram a diferença

Bertha Benz: Esposa de Karl Benz, considerado o inventor do primeiro automóvel, ela cravou o nome na história pelo apoio dado ao marido e por ser a primeira pessoa a fazer uma viagem de carro na história. Bertha levou os filhos Eugen e Richard para uma viagem à casa da mãe a mais de cem quilômetros de distância. Detalhe que na época não havia estradas e o automóvel foi abastecido com benzina comprada em farmácias.

Mary Anderson: Incomodada com a neve que impedia a visão ao dirigir durante uma visita a Nova York, a empresária americana desenvolveu o primeiro sistema automatizado de limpador de para-brisa. A invenção aconteceu no começo do século 20, entretanto, Mary não conseguiu patentear a obra e viu os carros adquirirem a tecnologia sem ela receber por isso. Os créditos vieram apenas em 2011, quando ela foi incluída no Hall da Fama dos Inventores.

Mulheres que fizeram a diferença

Florence Lawrence: Mesmo atuando como atriz em 1913, a canadense entrou para a história do automóvel ao criar a primeira versão do sinal automático de mudança de direção, o pisca. O sistema era composto por um braço mecânico, colocado na parte traseira do carro, que era elevado ou baixado por meio de botões colocados no banco do condutor.

Heidi Hetzer: A alemã que chegou a ser piloto de rali foi a primeira mulher a conduzir um automóvel clássico por todas as estradas do mundo. A aventura em um Hudson Great Eight de 1930 iniciou em julho de 2014. Ao total, ela passou por 56 países dos cinco continentes.

Entrevista

A Hora – O que te motivou a palestrar sobre mecânica?

Alesandra falou sobre direção preventiva e deu dicas de manutenção básica dos veículos

Alesandra falou sobre direção preventiva e deu dicas de manutenção básica dos veículos

Alesandra Battisti – Trazer a consciência de que esse é o meu trabalho, além de abrir a caixinha e repassar o conhecimento do automóvel para outras pessoas. A mecânica não é um bicho de sete cabeças. Então eu criei um método que eu consigo trazer isso para o mundo feminino de uma forma que fique mais claro e que faz com que elas se interessem e tenham entendimento.

Na sua opinião, qual a importância de as mulheres entenderem mais sobre o funcionamento do seu veículo?

Alesandra – Costumo me perguntar se colocaria meus três filhos dentro de cada carro que passa por mim. Na minha opinião, carro é segurança. Hoje 80% das minhas clientes são mulheres. O que acontece. A mulher já tem tantos papéis e, somado ao que não conhece do carro, talvez não tem a consciência de um barulho ou alguma coisa que compromete a segurança desse carro. Não dão bola. Às vezes isso pode comprometer. Acontece bem seguido.

Para você que lida no setor, como é ver entidades como a Aravat instigando o público feminino a se interessar mais pelo mundo automotivo?

Alesandra – Fiquei bem feliz com o convite para a palestra. Participei de outras atividades da Aravat e no começo causou um pouco de estranheza por ser a única mulher. Como gestora de uma mecânica, comecei a identificar que tínhamos uma lacuna desatendida, que é as mulheres.

Não prego isso, sou contra dizer que mulher é enganada, mas acredito que qualquer coisa que tu não saiba você fica à mercê. Por isso acho esse movimento que está iniciando muito válido.

O fato de uma mulher explicar para outra pode tornar mais fácil o entendimento?

Alesandra – Inclusive não só para mulheres. Para os homens também. O que percebi no meu dia a dia é que muitos homens também não entendem. Quando os homens chegam na mecânica, eles não ficam perguntando pois parece que há um rótulo dizendo que eles precisam entender. Mecânica não é um assunto apenas para mulheres, mas para os homens modernos também.

Evento inédito no Vale do Taquari foi organizado pelas mulheres dos associados da Aravat

Evento inédito no Vale do Taquari foi organizado pelas mulheres dos associados da Aravat

 

Acompanhe
nossas
redes sociais