Cleni Teresinha Weiand já perdeu a conta de quantas eleições trabalhou como mesária. Ela é voluntária faz mais de 15 anos. Começou por convocação e gostou. Ela garante que se diverte na função e que só deixará de ser mesária quando não tiver mais condições. Ela encontra ex-alunos e amigos de longa da data que não via mais.
• O que te atrai a ser mesária nas eleições?
Em primeiro lugar, é um dever com o nosso país. A gente não pode pensar ‘eu só faço aquilo que eu sou bem pago ou que eu tenha alguma vantagem’. A gente ganha os créditos dos dias, mas uma segunda ou terça não é um domingo. O princípio que me move é fazer algo pelo meu país e pelos outros. A gente aprendeu na escola a ter esse civismo. Eleição para mim é como um Sete de setembro. É muito importante, uma questão de patriotismo.
• Já presenciou histórias inusitadas?
Não pode levar criança para cabine e uma vez um cidadão quis desrespeitar. O presidente não deixou ele votar. À tarde, ele voltou, sem as crianças, fez uma cara muito feia para nós e foi votar. Se deu mal, teve de vir duas vezes. Tem de tudo na fila das eleições. Tem os que reclamam da espera, tem os que fazem festa porque encontram com amigos. Eleição é um momento ímpar, eu me divirto demais. Em nenhum outro espaço tu vê o que tu encontra ali.
• Qual a importância do voto?
Às vezes me deixa preocupada. Porque muitas pessoas não têm consciência em quem estão votando.
• Isso fica visível para quem está na mesa?
Sim. Tu reconhece no jeito de falar, de gesticular, quem vota consciente e de quem vai por que é obrigado.
• Como os eleitores tratam os mesários?
A maioria é bem educada. Quando eles se aproximam, a gente cumprimenta, dá bom-dia, e tem reciprocidade nesse tratamento. Mas nem sempre é assim. Eu já fui xingada. Parece que a gente é culpada da situação de a pessoa ter que votar.
• Pretende continuar trabalhando nas eleições?
Enquanto eu tiver capacidade, eu quero. Sempre digo pros meus filhos: “Quando vocês perceberem que a mãe está saindo da casinha, vocês me seguram.”
Matheus Chaparini: matheus@jornalahora.inf.br