O que a arte ensina

Opinião

Ney Arruda Filho

Ney Arruda Filho

Advogado

Coluna com foco na essência humana, tratando de temas desafiadores, aliada à visão jurídica

O que a arte ensina

Por

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O meu apreço pelas mais variadas formas de expressão artística não vem de hoje. Quem me conhece sabe o quanto admiro a literatura, a música, o teatro, o cinema, a dança, a pintura, a fotografia e a escultura. Mais do que admirar, procuro conciliar trabalho, família, amigos e atividades comunitárias com “viagens” no universo da cultura, participando de eventos e auxiliando em projetos que pretendam expressar e multiplicar emoções, história e educação por meio de valores artísticos. A cultura local me encanta, especialmente a literatura e a música, áreas nas quais temos gente muito talentosa.
Talvez por isso eu me ressinta com o desinteresse de muitos pelo que temos aqui, do que é nosso e é muito bom em qualidade e conteúdo. A coisa chega num ponto que não consigo sequer disfarçar, quando me perguntam “qual dos livros mais vendidos” eu estou lendo no momento. Noto o espanto quando respondo que não faço a menor ideia de quais são os “mais vendidos” e que estou lendo um livro de poemas e crônicas de um escritor local.
A coisa piora ainda mais quando insisto em dar sequência num projeto cultural voltado à música, que tem recebido pouca frequência de público. E ouço dos parceiros que não adianta insistir, que a galera não tá a fim de ouvir músicos locais, que tem muito bar bacana na cidade, que até as 20h tem rodada dupla de chope. Paro e penso no quão verdadeiras são essas afirmações: de fato, talvez a galera só queira ouvir sertanejo e funk, estar no meio do furdunço e beber o máximo pagando o menos. Ok, a princípio não tem nada de mal nisso. Daí, lembro do Léo Katz, das gurias do Sesc, do Arte na Praça, do Arte na Escadaria, do Leituraço no Parque dos Dick.
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Daí lembro do Vitor Ramil e do Chico César, que resolveram fazer um projeto juntos. Assisti ao show no domingo, o que reforçou a ideia de que não se pode desistir. Um gaúcho milongueiro de Pelotas, descendente de árabes, alto e magro de doer, junto com um negro paraibano, gordinho e baixinho. Duas vozes totalmente diferentes, dois violões. Antes do show começar, comentava com Denise que me parecia impossível uma junção harmônica da “estética do frio” com a “estética do calor”. O que pode ter em comum o canto da solidão do pampa, do frio, com o lamento do retirante, assolado pelo calor implacável e pela seca?
Bastaram os primeiros acordes para que eu mudasse de opinião, ouvindo os dois se alternarem, ora o paraibano cantando milonga, soltando um “alcei a perna no pingo”, ora o gaúcho se aventurando no frevo. Uma conjugação de diferenças daquelas que só a arte proporciona, mas que deveria se estender a outras esferas da convivência. Bonito demais.
É muito bom que possamos ouvir as mais tocadas e ler os mais vendidos. Melhor ainda que tenhamos opções dos mais variados estilos de músicas para ouvir (ou para não ouvir), de lugares para frequentar, de rodadas duplas e litrões para nos embriagar gastando pouco. É muito bom que pensemos em qual a mensagem, em qual o legado pretendemos deixar. Conjugando e compreendendo as diferenças, para sermos mais fortes e unidos.


A Justiça e a autocomposição: juiz Johnson participa de evento em Porto Alegre

Não é de hoje que o Tribunal de Justiça do RS investe energia e recursos materiais em meios alternativos de resolução de conflitos. Iniciou ontem, 25, em Porto Alegre, a 7a edição da Jornada de Soluções Autocompositivas, evento que abordará as potencialidades autocompositivas, com vistas a solucionar conflitos individuais, familiares e coletivos.
A promoção é do Núcleo Permanente de Soluções de Conflitos e Cidadania do TJRS (Nupemec) e o público-alvo são magistrados, mediadores, conciliadores, servidores, integrantes do Ministério Público, Defensoria Pública, advogados, acadêmicos e demais pessoas interessadas no tema.
Entre os painéis, merece destaque o que abordou o tema “Um olhar crítico sobre o papel da comunidade na prática restaurativa”, coordenado pelo juiz Luis Antônio de Abreu Johnson, com a participação da promotora de Justiça do DF, Raquel Tiveron.
Ainda dá tempo de dar uma conferida: o evento continua hoje, 26, no Plenário Ministro Pedro Soares Muñoz, 13º andar do Tribunal de Justiça (av. Borges de Medeiros, 1565), com debates sobre mediação de conflitos coletivos, mediação de conflitos no contexto familiar e mediação comunitária.


Farmacêutica e empresária condenadas por fraudar o programa Farmácia Popular

A 1ª Vara Federal de Santo Ângelo condenou uma empresária e uma farmacêutica por estelionato. Elas teriam fraudado documentos para receberem, de forma indevida, cerca de R$ 80 mil do Programa Farmácia Popular. A decisão é do juiz federal Marcelo Furtado Pereira Morales e foi proferida nessa terça-feira, 23.
De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), a fraude foi realizada entre janeiro de 2012 e dezembro de 2014. Segundo a denúncia, a empresária, dona da farmácia, e a farmacêutica, sua empregada, teriam utilizado o CPF de uma série de pacientes, alguns já mortos, para registrar a venda de medicamentos no âmbito do programa federal.
Em depoimento prestado à polícia, uma das pessoas que teve os documentos utilizados de forma indevida informou nunca ter adquirido nenhuma medicação por meio do Programa Farmácia Popular no estabelecimento.
Após avaliar as provas trazidas ao processo, o magistrado decidiu condenar as rés por entender que as acusações ficaram devidamente comprovadas, uma vez que ficou demonstrado que elas teriam utilizado até mesmo documentos de pacientes mortos para praticar a fraude.
As penas impostas a empresária e a farmacêutica foram estipuladas em dois anos e dois meses e um ano e quatro meses de reclusão, respectivamente. Ambas as penalidades foram convertidas em prestação de serviços à comunidade e prestação pecuniária. As rés também terão que ressarcir os prejuízos.

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