Para o frentista Carlos Henrique Lagemann, 32, de Colinas, correr é mais do que uma atividade física. É o meio encontrado para se manter longe das drogas. Faz cerca dois anos, seu único vício é se superar a cada prova.
• Qual é a sua principal motivação para correr?
Eu era usuário de drogas, fumava, bebia. Não estava ainda completamente viciado, mas estava bem perdido nesse descaminho. Comecei a participar das provas tentando encontrar uma saída. Não foi apenas por meio da corrida, mas principalmente pelo fortalecimento espiritual, que me auxiliou bastante. A minha relação com Deus é fundamental para me manter sempre motivado a correr. Quando a gente corre, a gente se liberta. A minha maior motivação é ter uma atividade física que ocupe a minha cabeça e me livre de outras lembranças e tentações.
• Como a prática esportiva lhe ajuda a se manter limpo?
A corrida faz vem para o corpo e para a mente. Tudo começou quando eu consegui terminar o percurso de cinco quilômetros da Corrida do Sicredi. Aquilo foi um alívio para mim e me incentivou a buscar cada vez mais melhorar o meu desempenho. Quando a gente faz uma atividade como a corrida, o corpo começa a acusar as nossas fraquezas, debilidades. Quem pratica percebe isso. A gente passa a reconhecer nossos limites e a querer superá-los.
• Quais os benefícios que a corrida lhe proporciona?
A saúde física e mental. O corpo precisa de atividade. Quem pratica esporte sente no próprio organismo como é bom estar em movimento. Começa a melhorar os hábitos, a alimentação, tem mais disposição no dia a dia. Isso vai nos fortalecendo, principalmente no campo psicológico, num processo de evolução.
• Qual é a sua mensagem para quem busca se reabilitar?
Ninguém escolhe esse caminho por nada. Às vezes, a pessoa está triste, não está bem psicologicamente, deixa de acreditar na vida e começa a procurar uma saída fácil, que proporcione um bem-estar imediato. É aí que as pessoas se perdem. Principalmente os jovens, que precisam estar muito atentos quanto a isso. Hoje as drogas estão em todos os lugares, independente da classe social. Experimentar, ter acesso, é muito fácil. Começam a surgir falsas amizades que atrapalham ainda mais. Com o passar do tempo, fui amadurecendo e percebendo isso. Depois que se entra nesse mundo, não é fácil conseguir sair. É preciso ter muita consciência sobre o que estamos fazendo das nossas vidas.
Alexandre Miorim: alexandre@jornalahora.inf.br