Funcionária da Apae de Lajeado desde 1989, Maria Helena Baiocco Carniel, 52, relembra histórias e relata a emoção de atuar em uma entidade com pessoas especiais. Neste domingo, 21, a Apae completa 47 anos de atividades.
• O que te fez ficar 29 anos no mesmo local?
Acho que é o gostar de servir. Pois é assim que me sinto aqui na Apae. Eu comecei como secretária. Na época, a gente tinha 20 e poucas crianças. Nós éramos em poucos trabalhando, então, quando faltava alguém, eu sempre substituía. Também permaneço aqui por gostar das pessoas e das histórias. Chorei muitas vezes junto com os pais. Ainda choro. A gente se emociona de alegria e de tristeza.
• Qual história te emociona?
O que me chama bastante atenção até hoje é a história de uma menina que tem 16 anos, a mesma idade da minha filha mais nova. Ela teve uma queda de cavalo. Eu me ponho no lugar da família, pois minha filha ama esse animal e eu sempre tive muito medo. Ouvi toda a história da menina estar bem, passar dez dias da queda e ela ir parar no hospital em coma. Hoje está severamente prejudicada e dependente em todos os sentidos.
Como histórias positivas, conhecemos mães que tiveram bebês com a saúde severamente prejudicada. Essas mulheres quiseram ser mãe de novo e tiveram uma segunda oportunidade com filhos saudáveis.
• Você se sente feliz trabalhando na associação?
Sim, eu sou apaixonada pelo mundo da Apae. Apesar das dificuldades que a gente passa no trabalho, a gente se torna feliz com o sorriso deles.
• O que significa a Apae para você?
A Apae é minha vida. São 29 anos, tive minhas duas filhas e criei elas trabalhando aqui. A minha família vive a Apae. A gente vai envolvendo os outros. Quando chego em casa, relato o que acontece na Apae. A gente se sente importante para os outros. E isso não tem preço, não tem salário que pague quando a gente é valorizada pelas pessoas.
• Qual a lição que tira nestas quase três décadas na Apae?
Quando a pessoa está lá fora, jamais imagina como é uma entidade que trabalha com pessoas com deficiência. Eu aprendi a valorizar mais o ser humano. A humanidade que se tem aqui não se encontra em outro lugar. A gente aprende a ter sentimento, compaixão e a se colocar no lugar do outro.
Fábio Kuhn: fabiokuhn@jornalahora.inf.br