A maior festa tradicionalista da América Latina é sinônimo de esforço e dedicação pela dança, músicas e interpretações gaúchas. Uma das etapas de classificação para o Encontro de Artes e Tradição Gaúcha (Enart) 2018 ocorre neste sábado e domingo a partir das 9h, no Parque do Imigrante, em Lajeado.
Dançando em CTGs desde os 15 anos, a lajeadense Ângela Hammes Rosseti, 30, sempre esteve em contato com a cultura da região. Nos eventos em que participava, sempre vestida de prenda, ela encontrava Glademir Rosseti, natural de Progresso e residindo em Farroupilha.
Entre uma dança e outra, um casamento cuja união também é reflexo de uma vida dedicada à dança e à tradição, eles se tornaram integrantes do CTG Guardiões do Rio Grande, de Encantado.
Ensaiavam de duas a três vezes por semana nas madrugadas, em domingos e feriados, em uma dedicação exaustiva, mas recompensadora. “Nós dançamos a final do Enart por três anos, e todo o sentimento é de gratidão e reconhecimento”, conta Ângela. Em 1990, Glademir foi campeão na categoria de declamação.
Hoje eles não dançam mais nos CTGs, mas não deixaram de lado a ligação com o Enart. Participam da organização do evento, na montagem dos palcos e ainda confeccionam as faixas e crachás dos representantes das entidades, feitas de couro e caligrafadas à mão. Há cerca de dez anos, eles fazem esse trabalho manual também com acessórios para as prendas.
Música e tradição
Passado de geração em geração, o bandoneon é tradição na família do aposentado Lauri Sagave, 64. O hábito que começou com o avô passou para o pai e hoje se encontra também nas mãos da filha de 22 anos.
Sagave conta que o instrumento de origem alemã é característico das músicas argentinas para tocar tango, e que foram suas melodias guiadas por composições tradicionalistas que o fizeram conquistar o 1º lugar na categoria no Enart de 2017.
Morador da divisa entre Colinas e Roca Sales, ele lembra que seu envolvimento com a música começou já aos 12 anos, sempre incentivado pela família.
“Eu sempre gostei de tocar, mas só participava para representar o grupo Tropilha Farrapo nas competições. Tive a honra de conquistar esse título ano passado”, conta.
Com músicas de Paixão Cortes, Renato Borghetti e tantos outros compositores, ele acredita no poder da tradição e, mesmo não participando este ano, ainda quer voltar ao Enart nas próximas edições.
Dançar para crescer
Segundo a coordenadora-geral da 24ª Região Tradicionalista, Luce Carmen da Rosa, o Enart espera mais de mil dançarinos e cerca de oito mil visitantes neste fim de semana.
“Um evento lindo que incentiva movimentos importantes no tradicionalismo, podendo mudar a vida das pessoas”, comenta.
Ela acredita que muitos jovens trocam as ruas para se sentirem pertencentes a um grupo de dança que tem amor pela tradição. “Isso interfere no desenvolvimento dos cidadãos.”
O Enart se caracteriza pelas competições em modalidades como dança de salão, danças tradicionais, declamação, intérpretes solistas vocais, chula e instrumentos musicais.
Programação
Sábado, 20
9h – Palco 1, intérprete solista vocal feminino e intérprete solista vocal masculino
9h – Palco 2, danças de salão
9h – Palco 5, declamação masculina
9h – Palco 6, declamação feminina
10h – Palco 3, danças tradicionais Força B
14h – Palco 4, Chula
14h – Abertura oficial do evento
Domingo, 21
9h – Palco 1, intérprete solista vocal masculino, gaita e violão
9h – Palco 2 , danças de salão
9h – Palco 4, chula
9h – Palco 5, declamação masculina e causo
9h – Palco 6, declamação feminina
10h15min – Palco 3, danças tradicionais Força A
Bibiana Faleiro: bibiana@jornalahora.inf.br