Ponta solta

Editorial

Ponta solta

A informação sobre compra de pacotes para disparos em massa de mensagens contra o PT no WhatsApp, noticiada nessa quinta-feira pelo jornal Folha de S. Paulo, confirma a dificuldade de fiscalizar a campanha política no ambiente virtual. A internet virou…

A informação sobre compra de pacotes para disparos em massa de mensagens contra o PT no WhatsApp, noticiada nessa quinta-feira pelo jornal Folha de S. Paulo, confirma a dificuldade de fiscalizar a campanha política no ambiente virtual.
A internet virou uma terra sem lei, ainda que o Tribunal Superior Eleitoral (STE) tenha especificado o que pode e o que não pode na busca de votos, a distribuição de conteúdo de cunho político, muitos calcados na tática de misturar fatos com boatos, é uma marca negativa do pleito deste ano.
Em 2014 houve um ensaio dessa situação. Com a mesma técnica, buscava-se macular a imagem dos concorrentes. Neste ano, esse tipo de ferramenta de propaganda ganhou ainda mais força. Em meio a dificuldades técnicas de chegar aos responsáveis, ficaram os órgãos de fiscalização.
Nem o Ministério Público Eleitoral e nem a Justiça têm capacidade de encontrar e cortar essas pontas soltas na campanha política pela internet. As análises pré-eleição apontavam para esse caminho de que o ambiente virtual se tornaria um espaço de “tolerância” para as chamadas fake news.
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Esse se tornou um assunto mundial. Do escândalo da Cambridge Analytica nos EUA, à investigação da influência russa nas eleições por lá, especialistas tentam calcular o impacto e alcance do uso das plataformas digitais nos sistemas democráticos.
Nenhum país ainda descobriu como resolver esse impasse. Autoridades conversam, estudam, almejam um sistema para regular as redes sociais, mas esbarram nas liberdades individuais, nas questões técnicas e no modelo de negócios das empresas como o Facebook e o Twitter.
No Brasil, o problema se tornou mais complexo devido à pretensão de rigidez do controle da propaganda eleitoral. Regras inéditas para o financiamento de campanha nas redes sociais e as especificidades do uso do WhatsApp. A lei ficou no papel, pois entre celulares e computadores, as regras foram descumpridas.
Nesta eleição marcada pela polarização, pela falta de diálogo e de propostas para o país, fechar os olhos à interferência virtual na opinião pública evidencia uma atitude de quem não sabe o que fazer.

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