Ferreiro, uma profissão milenar e perto do fim

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Ferreiro, uma profissão milenar e perto do fim

Otelmo Hunhoff trabalha na atividade faz 50 anos. Ferramentas auxiliam na lavoura

Ferreiro, uma profissão milenar e perto do fim
Vale do Taquari

A profissão de ferreiro surgiu quando o homem aprendeu a manipular e moldar o metal, por volta de 2000 a.C.e sofreu seu grande declive depois da Revolução Industrial.

Na época, as fábricas metalúrgicas iniciaram a produção em escalas maiores e a profissão profissão quase se extinguiu.

Em cidades menores, eles ainda persistem, como é o caso de Otelmo Hunhoff, 73. Na oficina, localizada no centro, atua faz mais de 50 anos. No passado, quando a maioria do trabalho era manual nas lavouras, a lista de clientes era grande.

No auge, chegou a ter cinco funcionários. “Aprendi com meu primo que trabalhou por décadas aqui”, conta.

Apesar de hoje a produção ser em menor quantidade, ele faz ferramentas como foices, facas, pás, ferraduras para cavalos e enxadas. “Cada objeto é feito de acordo com a necessidade do cliente. São peças únicas e resistentes. Isso nos diferencia da produção em larga escala nas fábricas”, diz.

Para o forjamento do ferro e do aço, Hunhoff aquece as barras com carvão sobre uma pequena fornalha. De um lado, fica uma pedra vertical, com um buraco ao fundo onde é apoiado o bico do fole. Antes era manual e hoje funciona com energia elétrica. “Foi um grande avanço. Tornou o trabalho mais ágil e menos árduo. O desgaste físico era grande”, comenta.

O metal é aquecido até atingir o estado maleável. A partir dali, o ferreiro molda as peças com auxílio do martelo e a bigorna. “É tudo feito na mão. Alio força e jeito”, resume.

Da roça ao jardim

Nos anos 50, era comum a fabricação de carroças. Hunhoff perdeu a conta de quantos eixos e rodas produziu. “Hoje todo mundo tem carretão e trator. A carroça virou enfeite”, brinca.

A tecnologia avançou no campo e substituiu ferramentas e máquinas. Com isso, ele precisou se adaptar às novas exigências e necessidades dos clientes.

Hoje é comum a confecção de pás, enxadas e demais instrumentos usados no trabalho na horta e jardim. “Aprendi a consertar peças de muitos maquinários. É um novo nicho de mercado”, observa.

Hunhoff lamenta a falta de sucessores. Os dois filhos estão empregados na cidade e não tomaram gosto pela profissão do pai. “Estão com bons empregos. Vou continuar enquanto tiver saúde”, resume.

Na história

Acredita-se que a profissão de ferreiro exista desde quando o homem aprendeu a manipular e moldar os metais (em torno de 2.000 a.C.), sem grandes distinções até os tempos atuais.

Durante a Idade Média, era comum a imagem do ferreiro da aldeia, responsável por praticamente toda a metalurgia do povoado, sendo que muitas vezes o profissional se tornava sinônimo de forjador de armas, já que era função dele fabricar as espadas, lanças e machados utilizados pelos soldados.

Gabriel Santos: gabrielsantos@jornalahora.inf.br

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