“A música me enriqueceu”

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“A música me enriqueceu”

Depois de trabalhar 11 anos no comércio de Lajeado, o músico Jerônimo Schuhl, 29, decidiu largar o emprego para viver da música assim que soube da chegada da segunda filha. • O que te motivou a abandonar uma vida estável,…

“A música me enriqueceu”

Depois de trabalhar 11 anos no comércio de Lajeado, o músico Jerônimo Schuhl, 29, decidiu largar o emprego para viver da música assim que soube da chegada da segunda filha.
• O que te motivou a abandonar uma vida estável, com carteira assinada e salário fixo para viver de shows e apresentações musicais?
A música entrou na minha vida com a influência de meu pai – um sambista nato. Em seguida, com apoio da minha família, ganhei o primeiro violão aos 12 anos. Desde lá nunca parei. Em 2009, conciliava o trabalho no comércio com minha carreira musical. Ou seja, na maior parte da semana, trabalhava nos três turnos. Chegava em casa e não podia curtir as minhas filhas. Estava cansado da rotina. Comecei a perceber que se marcasse mais shows poderia viver só da música. Pouco antes de pedir demissão, estabeleci uma agenda de apresentações e desde então tem dado certo.
• Qual o principal desafio de viver da música no Vale?
Vivo um dia por vez. Nunca pensei em enriquecer com a música. Tenho plena consciência de que não são todos que alcançam o sucesso. Estabeleço uma profissão como qualquer outra, com horários, metas e produtividade. Normalmente, na primeira semana do mês, organizo as datas de shows ao longos dos 30 dias, datas que variam de 22 a 30 apresentações. Assim que tenho uma agenda pronta, parto para o segundo objetivo: ensaios, ações e projetos com outros músicos. A maior dificuldade de viver da música é conseguir provar aos contratantes que tenho dread, mas não toco só reggae. E também fazer com que outros artistas percebam que não estamos competindo, pelo contrário. Devemos criar movimentos para fortalecer nossa arte. Por que se não fizermos isso nós mesmos, quem fará?
• Em termos financeiros, a vida melhorou ou piorou?
Respondo essa pergunta com outra: o que é ser rico? Para uns é ter um carro do ano, uma casa bonita. Mas acabam esquecendo que a maior riqueza é a humildade. Ter consciência de que somos todos iguais e estamos no mesmo barco. Para mim, sou mais rico do que nunca. A música me enriqueceu. É isso que sinto. Sou feliz fazendo o que gosto e o que acredito ser verdadeiro.
• Muitas pessoas têm aptidão às artes, mas temem viver disso. O que diria para essas pessoas?
Se a pessoa se sente bem fazendo alguma coisa e esse algo tem como consequência sua sobrevivência, é necessário refletir e organizar e, se possível, compartilhar esse anseio com a família. Esse apoio é o mais importante. No meu caso, conversei com minha esposa, com minha mãe, minha irmã e meu padrasto. A opinião mais sincera vai vir sempre da família. É importante observar um fato sobre várias perspectivas, as críticas mais construtivas vêm da família.

Cristiano Duarte: cristiano@jornalahora.inf.br

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