Sergio Henz nunca havia pensado em trabalhar com calçados. Em 2002, o sogro dele, o sapateiro Adão, morreu. Sergio e a mulher, Gisele Mallmann, assumiram o negócio de meio século. A sapataria foi modernizada e informatizada. Hoje emprega quatro pessoas além do casal.
• As pessoas veem as sapatarias como algo antigo, em extinção. Como é a profissão hoje?
Continua sendo uma profissão de pessoas mais antigas. A sapataria tem mais de 50 anos de história, era do meu sogro. Quando ele faleceu, nós continuamos, mas queríamos algo a mais, inovar. Manter o traço do antigo, mas puxar para a modernidade. Nós investimos em máquinas e profissionais. Resumindo, nós temos aqui o maquinário de uma fábrica.
• Com aprendeu o ofício?
Na marra. Eu sempre disse que nunca ia trabalhar em uma fábrica de calçados. Só que o destino às vezes é traçado. Acabei gostando, me acertei. Eu não tive curso, ninguém me ensinou, fui aprendendo. Eu pegava calçados velhos, desmontava e montava. Assim eu entendi como era feito um calçado. Fui perguntando para amigos até chegar em alguém que me desse umas dicas de colas diferentes, de maquinários, fui aperfeiçoando.
• Como era quando começou? E como é agora?
Era só o meu sogro, o seu Adão. Hoje temos quatro funcionárias, mais eu e minha mulher.
• Como as sapatarias se adaptam para continuar existindo?
Aí que entra a questão de inovar. Hoje existe muito calçado sintético e cada dia vêm novos materiais. Um tênis tem quatro ou cinco tipos de materiais que tu precisa colas diferentes para fazer uma colagem perfeita. Foi uma obrigação de inovarmos.
• Qual a maior parte da demanda da sapataria?
É tudo, tênis, sapato, bota, mala de viagem. Uma linha que estamos entrando forte é a de consertos de botas de cross, de trilha. Estamos nos aperfeiçoando porque em toda a região não tem especializada. São botas de valores altos, que vale a pena consertar e que dá bom resultado, mas precisa de um maquinário diferente do calçado tradicional.
• Que planos vocês têm para a sapataria?
Continuar aperfeiçoando porque todo dia vêm coisas novas. No último ano, fizemos um site, botamos sistemas. Nós temos tudo registrado, cadastro de cliente, nota. Hoje quando tu atualiza o status no sistema, o cliente já recebe um aviso automático de que o calçado está pronto.
Matheus Chaparini: matheus@jornalahora.inf.br