Os traços finos da nanquim e da caneta Bic dão vida a imagens surreais em uma narrativa contada por Desirée Hirtenkauf e Virgínia Di Lauro por meio da arte. Cerca de 30 obras geralmente feitas em papel estão expostas no Sesc Lajeado, na exposição Via Dupla que vai até dia 30 de novembro, das 8h às 20h, de segunda à sexta-feira e nos sábados das 8h às 12h, com entrada gratuita.
A arte faz parte da vida de Desirée, 53, desde criança, quando ela dançava balé clássico e tinha muito apreço pelo desenho. Ela é natural de Arroio do Meio e moradora de Lajeado faz tempo. Aos 11 anos, conta, com pincéis em cima de panos de pratos, ela começou um curso de pintura que a levou a criar, mais tarde, obras em madeiras e telas.
Mas nessa época seu coração ainda pertencia aos desenhos em papel e por isso há oito anos iniciou um curso em um ateliê de Porto Alegre, onde passou sete anos fazendo desenhos. O resultado foram obras em nanquim fininho, aquarelas e colagens com movimentos sutis que expressam sentimentos como a angústia, o ódio, o medo, o amor e a esperança.
Pelas redes sociais, Desirée acompanhava os trabalhos de Virgínia, 29, estudante de Artes Visuais da UFRGS, quando viu um quadro dela à venda e combinaram de se encontrar. A partir daí tiveram a ideia de expor as obras em conjunto, misturando os traços da nanquin e da Bic utilizada por Virgínia.

Na mistura de traços finos e cores vibrantes, obras usam fantasia para representar o mundo
Em materiais semelhantes como o papel, Desirée conta que o trabalho de Virgínia tem mais vida e juventude, com cores e traços vibrantes. Já o dela passou a ser mais limpo, com elemento menores, minuciosamente criados para contar histórias.
A artista conta que a arte para ela é uma forma elementar de expressão, capaz de abrir janelas de diálogos, interação e pertencimento do mundo. “O artista é uma esponja, ele absorve todas as emoções e acontecimentos do mundo. Somos feitos de dentro para fora”, conta.
Ela acredita que sua inspiração vem da vida e dos sonhos malucos que costuma lembrar ao acordar. Por isso, seus desenhos distorcidos sempre com uma figura humana central carregam elementos fantásticos em busca da perfeição.
Bibiana Faleiro: bibiana@jornalahora.inf.br