Nos bandeados de Estrela, a lenda de Tibúrcio é conhecida pelos mais antigos e passada pras novas gerações feito telefone sem fio do horror.
Reza a lenda que ele era um sujeito pacato e comum.
Tomava um “schnapps” e fumava palheirinho.
Dizia “Vamos lá, uma vez”, como todo mundo, e até jogou nas categorias de base do clube da cidade. Quem sabe teria chegado ao Flamengo se não fosse um lobisomem.
Dona Salete, minha mãe, uma nativa de Estrela que entrou em seu casamento com música de rock, conta que já encontrou o tal Tibúrcio em sua versão homem-lobo.
Aos 22 anos, morava no interior de Estrela, próximo ao bairro Boa União. Um dia, voltando do trabalho da prefeitura, à noite, ouviu um chacoalhar sinistro vindo de uma plantação de milho nas beiradas da estrada até sua casa. Olhou e não entendeu muito bem.
Ao se aproximar, viu que era uma espécie até então desconhecida. Muito grande e muito peluda. Quase um primo Itt, da Família Adams.
Era Tibúrcio.
Tentava se secar após cair no lago da ponte de ferro.
Salete correu feito uma queniana com sinusite. Aos prantos chamava Vitor. Namoradinho da época. Um dos chamegos que minha mãe teve ao longo de sua vida shakespeariana.
Mais assustado ainda ele a recebeu achando que tinha descoberto alguma desventura.
Mas não foi nada disso.
Duvidou e achou que minha mãe estava um pouco mais maluca do que de costume.
Ficou por isso.
Passou uma semana e foi a vez de Vitor conhecer o lado obscuro de Tibúrcio.
Na mesma macega de milho, o lobisomem pulou e se agarrou em suas canelas. Vitor gritava feito um Tarzan e tentava se arrastar e fugir das garras do Tibúrcio selvagem.
Chegou em casa e suas calças jeans estavam tão desfiadas que pareciam franjas de japonas de cowboy.
Diversos sustos foram dados por Tibúrcio nos corners kicks do bairro. As pessoas fizeram até registros policiais.
Nenhuma autoridade se mostrou adepta ao caso Tibúrcio.
Os Caça-Fantasmas, por exemplo, negaram auxílio por trabalharem com outras demandas de casos sobrenaturais.
O padre da cidade foi ao Vaticano pedir conselhos ao papa João Paulo II.
Pouco antes do caso chegar ao FBI, a Brigada Militar meteu esporas nos coturnos e se meteu na tal macega do Tibúrcio.
Entre 4 ou 5 brigadianos contiveram o bicho cabeludo. Lhe colocaram numa gaiola e levaram o velho Tibúrcio aos uivos.
Uivou tanto que uma hora encheu o saco do sargento Schmitt e eles o levaram pro pátio dos fundos do posto policial.
E deixaram-o lá feito vira-lata triste.
Ao amanhecer, lá estava ele. O velho Tibúrcio na forma humana. Pelado e com o pinto mole pro lado.
Assustado e apreendido.
Seus dias de lobisomem haviam terminado.
Atlético Gaúcho x Rudibar
(SEM LEGENDA)
Destaque no campo do 8 em Teutônia foi este driblador de quatro patas. Bom pra cachorro. Te cuida, Neymar!
À espera de um milagre
