A diversidade do Vale do Taquari é uma das qualidades enaltecidas por líderes e autoridades locais. Proporciona desenvolvimento econômico, reduz a incidência de crises em determinada atividade e garante índices muito próximos do pleno emprego.
Mas há vantagens e desvantagens em ser uma região com tantas diferenças. De Taquari a Arvorezinha; de Poço das Antas a Boqueirão do Leão. As variações geográficas e étnicas constroem um Vale contraditório e complementar.
No campo político, traz alguns empecilhos. Por ser heterogênea, há um distanciamento natural devido às estruturas culturais e históricas. Esse é um dos motivos à grande pulverização de votos nas eleições. Do total de 1.270 candidatos para os parlamentos federal e estadual, 1.060 fizeram votos nos 38 municípios do Vale.
Como resultado, a representação política da região perdeu integrantes. Ficou apenas Edson Brum, natural de Rio Pardo, mas que mora em Encantado faz duas décadas. Nem mesmo Enio Bacci, líder político conhecido em todo o país, conseguiu se garantir na Assembleia Legislativa por mais quatro anos.
Conforme dados do Tribunal Superior Eleitoral, o Vale tem mais de 280 mil eleitores. Desse total, em torno de 20% do eleitorado é filiado a algum partido político.
Os números podem expressar uma ideia de grande envolvimento político por parte dos atores locais. No entanto, não garantem a eleição dos representantes do Vale.
[bloco 1]
Inclusive nesta eleição os partidos se depararam com uma encruzilhada e viram o PSL, puxado pelo candidato Jair Bolsonaro, liderar o número de votos à Assembleia Legislativa.
O eleitor deu um recado claro. O sistema político-partidário vinculado aos interesses econômicos e financeiros, os apoios vinculados à liberação de emendas e aprovação de projetos, enfraqueceram as siglas tradicionais.
Outra análise pertinente é quanto à força das instituições civis. Apesar das campanhas de conscientização, o eleitor não comprou a ideia. Talvez pelo número elevado de candidatos, mas muito pela distância de propostas e projetos dos agentes políticos.
Em suma, o quadro está posto, lamentar ou pensar que poderia ser diferente não muda a realidade. A partir de agora, o necessário é reunir forças sociais e criar uma forma de consolidar a região nas esferas políticas.
