A informação de que o Estado encerraria o contrato com o Hemovale chegou em uma hora delicada para o governo. Em meio às eleições, a Secretaria de Saúde se antecipou para tentar desmentir a história. Passou a alegar que na verdade analisa uma reestruturação na hemorrede gaúcha e que não há nada fechado para o Vale do Taquari.
Um recuo estratégico, pois, nos bastidores das reuniões com representantes das instituições de saúde, integrantes do governo do Estado haviam confirmado a mudança para, no máximo, 60 dias.
Esse encontro ocorreu no dia 4 de setembro. Na data, foram duas reuniões. Uma pela manhã, com integrantes do Hemocentro. À tarde, com diretores das casas de saúde e municípios da região.
Os argumentos apresentados pelos integrantes do governo são contraditórios. Passam pela necessidade de economia, pois pela lei o SUS deve ser autossustentável, sem depender de contrato com empresas terceirizadas, até a necessidade de realocação dos servidores da Fundação Estadual de Proteção e Pesquisa em Saúde (FEPPS), extinta pelo Piratini.
Entre o erro estratégico de apresentar uma mudança tão drástica como confirmada, até a correção de rumo para desconversar e dizer que se trata de um estudo, o debate, que precisa ser técnico, virou político. No palanque ou nas redes sociais, apoiadores de Sartori e de Leite vociferam para denegrir o adversário e proteger o aliado.
[bloco 1]
Em termos práticos, o Vale do Taquari não pode ficar sem um banco de sangue público. Se a lei condiciona ou não permite terceirizações, que o Estado trate de abrir um posto público de distribuição e coleta de sangue na região. O que não pode, de maneira alguma, ser aceito pela população, pelos hospitais e pelos governos municipais, é depender do Hemocentro de Porto Alegre.
O impacto seria trágico. Neste campo até agora hipotético, pode-se afirmar que tal medida custaria a vida de muitas pessoas. O HBB possivelmente teria de rever alguns procedimentos, tais como as cirurgias cardíacas e tratamento da leucemia. Como um efeito dominó, outras casas de saúde também sentiriam no dia a dia os malefícios de uma decisão errada.
A responsabilidade em caso de morte de pacientes devido ao fato de não haver sangue e seus componentes recairia sobre quem? Sobre as equipes médicas? Sobre os hospitais? Ou sobre o Estado? Ou melhor, o Executivo gaúcho assumirá essa bronca?
Esse assunto é sério. Fundamental para todo o Vale do Taquari. Não se trata de ser a favor ou contra algum candidato ao governo do Estado. Trata-se de uma posição para defender a vida.
Editorial
Balão de ensaio
A informação de que o Estado encerraria o contrato com o Hemovale chegou em uma hora delicada para o governo. Em meio às eleições, a Secretaria de Saúde se antecipou para tentar desmentir a história. Passou a alegar que na…