Dornei Luís Delazeri nasceu em 1972. Após se aventurar pelo estado, fixou negócio em Lajeado e hoje ensaia os passos como sommelier de vinhos.
• Você veio mesmo de Nova Bréscia?
Claro. É a capital da América do Sul. A Nova Iorque do Vale. Eu sou da região metropolitana de Nova Bréscia, mais precisamente de Linha Olinda (risos). Fiquei lá até os 13 anos, onde brincávamos com o que tínhamos. Andava a cavalo, de carrinho de carretel de linha. Tinha que ser criativo.
• Começou a trabalhar cedo?
Sim. Eu trabalhava com o pai, na roça, éramos meio que fazendeiros. Mas os negócios não iam bem. Não vendia bem. Não era época de ‘vaca gorda’. O interior era muito deficitário em termos de tecnologia, ou acompanhamento de profissionais. Então eu saí com 13 anos para buscar novos caminhos na vida. Fui para Lagoa Vermelha.
• Também na área da agricultura, do campo?
Não. Lá eu trabalhei até os 20 anos como garçom, lavador de copo e depois virei meio sócio de um restaurante e hotel que pertencia a um tio. Antes disso, aliás, ainda com 16 anos, virei sócio de outra churrascaria, mas não deu resultado. Com 20 anos, também, eu casei e fui buscar algo maior. Comprei “fiado” uma pizzaria e comecei a virar dono de negócio, achando que era dono do meu negócio.
• E quem era o dono?
O governo (risos). A gente só trabalhava e eles ficavam com os lucros.
• Quando veio para Lajeado?
Antes de vir ainda fiz algumas tentativas em Santa Maria, onde abri um negócio. Mas durante uma greve maior na universidade de lá, no fim de 1997, decidir vir pra cá. Em 1999, eu comprei a padaria Casa Nostra.
• O ponto é tradicional em Lajeado, mas hoje vem se destacando pela variedade de vinhos. Quando ocorreu essa mudança de perfil na sua padaria?
Hoje nosso principal produto é o vinho. A padaria não representa 5%, mesmo com pães diferenciados, queijos e embutidos de outros níveis para acompanhar o vinho. Começamos em 2006 quando viemos para o novo prédio. Antes era mais uma quitanda, e vendíamos muito vinho de garrafão, mais popular. Na nova casa, apostamos. Perdemos alguns clientes, mas ganhamos mais. Tive que focar neste novo nicho. Comecei a pesquisar o vinho e tenho muito para aprender. É um mundo enorme.
• E qual o segredo para conquistar esta nova clientela?
Para nos mantermos, temos que buscar coisas novas o tempo inteiro, porque o cliente busca novidades o tempo todo. Se ficar parado, fica para trás. Mas eu sempre fui assim. Gosto de trabalhar, e quem não gosta é preguiçoso.
• O vinho para você é?
É um momento de brindar, de compartilhar. Não se bebe para ficar embriagado. É para apreciar com sabedoria.
Rodrigo Martini: rodrigomartini@jornalahora.inf.br