Do Del Rey 1984 à caminhonete Hilux 2018, adesivos do Bolsonaro colaram em todos veículos e classes deste país. Não só no Brasil, aliás, mas nos veículos de brasileiros que foram tentar a vida em outros países – por vontade própria ou por exaustão.
Assim como o estilo musical funk, o presidenciável de número 17 se popularizou do morro ao asfalto.
Com discurso simples e um tanto quanto proibido – assim como no funk – os bordões e refrões de Bolsonaro se tornaram sucesso e hits em todo território tupiniquim – cantarolados até por crianças, inclusive.
Fácil de repetir, por ser fácil de memorizar. Desejado por ser proibido. Proibido por ser desejado.
Para toda coisa complexa, uma resposta simples.
Por sinal, vídeos de crianças simulando ou mexendo em armas viraram motivo de orgulho, tal como outrora os de pequeninos dançando funk até o chão.
Como a educação básica nunca foi prioridade dos últimos desgovernos, a bomba idiocrata levou Bolsonaro e Haddad para o segundo turno.
Herança da falta de cultura e de discernimento priorizada num país onde governos fazem questão de não educar o povo. Para que vote errado e os mantenham no poder.
Enquanto isso, gritamos “gol” e rebolamos até o chão.
Até o chão.
Até o chão do fundo do poço.
Que bonito.
Brasil que deixe de lado a fartura de Tom Jobins, Vinícius de Moraes, Elis Reginas e Tim Maias para ouvir funks de uma nota só.
Brasil que sabe mais de futebol do que de política.
Brasil que conhece mais letras de funk do que planos de governo.
As pesquisas eleitorais não dão conta de acompanhar a triste realidade do país. Não só do nosso. No do Trump foi a mesma coisa.
Bolsonaro fez quase o dobro de votos do que se imaginava.
Surgiu pequeno, tal como o funk nasceu no morro.
Agora ambos invadem as faculdades e estão na boca de intelectuais.
Bolsonaro é um fenômeno.
Contra ou a favor dele, esta é a realidade.
Conseguiu se tornar, quiçá, mais popular que o funk.
E o papara, papara, clack bum
Parapapapapapapapapapa.
Antes de ser execrado por bolsomitos, saliento aqui que não votarei no PT.
Nem no Bolsonaro.
Vou ficar de fora vendo os outros pelarem a coruja.
Não tenho nada a ver com isso.
Finalizo com uma frase do meu mentor Nelson Rodrigues.
“Os idiotas vão tomar conta do mundo não pela capacidade, mas pela quantidade. Eles são muitos”.
Tapete em brasília
Só uma palinha do caminho de sujeira e do rastro daquilo que não deve ser feito e que já chega na capital do país em mais uma eleição.