O município de Colinas vive um dia de angústia às vésperas das eleições nacionais. Três dias antes do Brasil escolher os novos presidente, governadores, senadores e deputados, a população da pequena cidade de menos de três mil habitantes pode ver seu prefeito ser cassado pelos vereadores. A sessão especial começa às 8h e vai tarde adentro.
Uma Comissão Processante, aberta para investigar um processo licitatório para compra de combustível aos veículos oficiais, pede a cassação de Sandro Herrmann. O relatório final da comissão foi apresentado nessa segunda-feira e, para ser acatado o pedido de cassação, seis dos nove vereadores devem votar contra o chefe do Executivo.
O momento é emblemático. Colinas, faz tempo, procura uma tranquilidade política e tenta superar os traumas e consequências da cassação do mandato do ex-prefeito Gilberto Keller. Seria histórico e talvez inédito dois prefeitos de um mesmo município serem depostos dos cargos em menos de dez anos.
Desde a queda de Keller, a polarização partidária se intensificou. Ainda que o discurso da última eleição tenha sido de pacificação e união da comunidade, os fatos insistem em confirmar o contrário.
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A lei existe para ser cumprida. O relatório apresentado pela Comissão Processante deixa evidente os erros – classificados como fraude – na elaboração e condução do referido processo licitatório. Deixa transparecer um favorecimento ilícito para determinado posto comercial.
Herrmann terá duas horas para apresentar sua defesa e convencer os vereadores que deve permanecer no cargo. Está em seu primeiro mandato frente ao Executivo local e abreviaria em mais de dois anos seu exercício de quatro.
Neste momento de tensão e enfrentamento, é importante que os vereadores, legítimos representantes da sociedade, tomem decisões maduras e coerentes e possam deixar de lado, pelo menos neste dia, o confronto político-partidário que não favorece o bem comum.
Se for para cassar o mandato do prefeito atual, que seja com base em provas e ilicitudes bem fundamentadas, capazes de sustentar a decisão da maioria dos vereadores. O que Colinas não suporta mais é que assunto de tamanha seriedade e dimensão seja transformado em um jogo político, cujo interesse pessoal e partidário esteja acima dos interesses da comunidade local.
Editorial
Decisão em Colinas
O município de Colinas vive um dia de angústia às vésperas das eleições nacionais. Três dias antes do Brasil escolher os novos presidente, governadores, senadores e deputados, a população da pequena cidade de menos de três mil habitantes pode ver…