Centenas de crianças de escolas da cidade trocaram a sala de aula por outro espaço de aprendizado. Elas passaram a tarde na Feira do Livro de Estrela. Visitaram as bancas e compraram livros com os vales-livros encaminhados pelo governo municipal.
Para Ana Laura Jachetti, a troca valeu a pena. “É um lugar bem legal porque a gente viaja no mundo da leitura e compramos livros”, afirma.
Ana e a colega Érica Woiciechowski encontraram uma forma de aproveitar ainda mais o vale-livrorecebido. As duas alunas do 4o ano do colégio Pinheiros escolheram os livros juntas para poder trocar depois. Elas já visitaram a ediçãoem 2017, mas garantem que este ano está melhor. “No ano passado, não tinha tanta opção, não tinha os livros dos diários”, afirma Érica, deixando clara a preferência das duas amigas.
Os livros das séries Diários, de Annie Kelsey, são os favoritos das duas meninas. “Eu gosto porque contam histórias de pessoas e são muito divertido de ler”, explica érica.
Para as professora das meninas, Bárbara Schwarz, o papel da escola é fundamental no incentivo ao contato com a leitura. “É um estímulo que não vem aguçado de casa, a escola tem o papel de aguçar isso neles, de estimular, proporcionar que eles conheçam histórias”, afirma.

Visitação na Feira do Livro reuniu alunos. Atrações vão até este sábado
Conhecendo os autores
O autor até que tentou contar uma história mais amena, mas o público não permitiu. As crianças queriam mesmo era ouvir o episódio da bruxa que virava morcego e saía voando, da outra, que ouvia Chopin, Beethoven e Anitta, ou do gato Cristóvão, o Cris. A atenção dos estudantes estava completamente voltada para o escritor Jonas Ribeiro.
Autor de livros para a infância e a juventude, Ribeiro é responsável pelas atividades do primeiro dia. Entre suas obras estão a série de livros da Bruxa Cremilda, A Bicicleta Voadora e A Assustadora Bola Fria e Árvore que Ninguém Via.
O trabalho da escola Pinheiros para a feira começou muito antes da cerimônia de abertura. Ao longo dos dias, os alunos trabalham em sala de aula autores que estarão na feira. A professora Bárbara conta que o contato prévio com as obras estimula os alunos. “A feira do livro é como se fosse uma culminância de um trabalho. Eles vêm realizados”, comemora.
Entrevista
“O trabalho que foi feito aqui antes da feira é diferenciado”
Antônio Schimeneck é autor de livros voltados ao público infanto-juvenil. Além de escritor, ele é proprietário da Ama Livros, distribuidora de livros que está ingressando no mercado de editoras. Ainda este ano, Schimeneck encara mais um desafio na carreira. Publicará o primeiro conto adulto, em uma antologia de 15 autores que será lançada na Feira do Livro de Porto Alegre.

Jonas Ribeiro foi a primeira atração. Ele contou história da bruxa Cremilda
A Hora – Como está sendo este contato direto com seu público?
Antônio Schimeneck – Eu tenho ido para muitos lugares, como escritor e dono de distribuidora. Mas aqui é diferente. Pelo clima de leitura que a gente percebe em todas as crianças. Isso realmente não é muito comum. O trabalho que foi feito aqui antes da feira é diferenciado e é um trabalho que é útil. Tem acontecido tantos eventos no estado, mas muitos não têm a preocupação de formar leitores.
E aqui percebe esta preocupação?
Schimeneck – Com certeza. Esse processo de os alunos terem o poder de adquirir um livro através do bônus. E esse cuidado com o que está sendo comprado. Não é só um livro, é literatura que se está priorizando. E a gente sabe que existe diferença entre um livro qualquer e a literatura.
Como vê estes jovens tão empolgados com a compra de livros?
Schimeneck – Nosso país tem um nível de leitura muito baixo e o que é oferecido como leitura é muito ruim. Então tem uma produção no Brasil que tu não vê em lugar nenhum. Se tu vai em uma livraria vai ter o que vende mais e isso nem sempre é o melhor. Tu não vai encontrar um livro do Tabajara Ruas, do Manoel Filho, do Christian David. São autores que produzem, estão fazendo muitos livros e não estão no mercado. Só circulam onde há uma curadoria, onde há uma preocupação com o que está sendo vendido. É um grande desafio.
Matheus Chaparini: matheus@jornalahora.inf.br