Com tinta laranja e palavras de baixo calão, partes de muros da histórica Escadaria junto ao Rio Taquari foram pichadas na madrugada de ontem. “Não tenho nada para fazer da vida”, escreveu o vândalo, ainda não identificado pela Polícia Civil (PC). O governo municipal garante nova pintura “o mais breve possível”.
Já o delegado de Polícia, José Romaci Reis, aguarda imagens da câmera instalada no local, que pertence ao projeto de vigilância patrimonial do município. Segundo ele, até o fim dessa segunda-feira, a administração municipal ainda não havia denunciado o fato à PC. “Não recebemos a denúncia, que deve partir do governo do município. É um crime ambiental”, salienta.
Além da frase, o vândalo pichou palavras de cunho político e também ofensas possivelmente direcionadas à presidenciável. Ele também desenhou um órgão genital masculino, entre outros desenhos.
Ontem à tarde, moradores e visitantes se queixavam da presença, também, de usuários de drogas e da sujeira deixada no local. “É uma pena. É um ponto turístico que está bem mais bonito do que antigamente, e mesmo assim as pessoas não respeitam. Deixam muita sujeira, lamentavelmente”, salienta Telmo Von Muhlen.
Ele é motorista de ônibus em Bom Retiro do Sul. Faz dois anos ele traz alunos daquele município para o Projeto Navegar, realizado junto à escadaria. “É triste até para as crianças ver toda essa grosseria pichada neste local tão bonito”, resume.
Saiba mais
O ato de pichação é crime de acordo com a lei 9.605 de 1998. Pela legislação, é uma prática essencialmente transgressiva, predatória, visualmente agressiva, que contribui para a degradação da paisagem. No país, considera-se vandalismo e crime ambiental com pena de detenção de três meses a um ano, e multa, para quem pichar, grafitar ou por qualquer meio conspurcar edificação ou monumento urbano.
Se o ato for realizado em monumento ou coisa tombada em virtude do seu valor artístico, arqueológico ou histórico, a pena é de seis meses a um ano de detenção e multa. Por outro lado, e não aplicável ao fato registrado na escadaria, não constitui crime a prática de grafite realizada com o objetivo de valorizar o patrimônio público ou privado mediante manifestação artística, desde que consentida pelo proprietário.

Palavras de baixo calão e de cunho político foram pichadas em diversas partes. Governo garante nova pintura
Mais investimentos
Em junho passado, foi divulgado o resultado da licitação às obras da terceira e última etapa de reforma, que prevê a recuperação de todo o entorno da praça local, com o mirante existente, sanitários, passeios e ajardinamento da área localizada acima do quiosque, já reformado na segunda fase do projeto.
A proposta de manutenção da área localizada da rua Arnaldo José Diel iniciou em 2015. A ideia do governo é “devolver à comunidade” um dos locais históricos mais importantes do município, inaugurado em 1924 e que serviu como porta de entrada de pessoas e produtos por mais de 50 anos.
Rodrigo Martini: rodrigomartini@jornalahora.inf.br