Na véspera do feriado que comemora a data máxima dos gaúchos, o governo do Estado anuncia a contratação de pelo menos dois mil soldados para a Brigada Militar. Fazia anos não se contratava tantos policiais numa só vez.
Diante do galopante avanço da criminalidade, a contratação dos soldados representa mais patrulhamento nas ruas do RS e, oxalá, um pouco mais de segurança na vida dos cidadãos. A defasagem de policiais nas duas corporações – Brigada e Polícia Civil – atingiu o ápice este ano. Nunca se tinha tão pouco policial nas ruas.
O efetivo diminui ano a ano. O reflexo está nas ruas e nas cidades, cada vez mais desprotegidas e desamparadas. Ainda que a contratação seja motivo de comemoração, ergue-se um questionamento e um alerta sobre o Vale do Taquari. Dos dois mil soldados, pelo que informa o governo do Estado, nenhum será deslocado para as cidades da região.
A decisão do governo em deixar o Vale fora dessa seleção é uma balde de água fria sobre nossas instituições, municípios e cidadãos. Faz tempo, este A Hora noticia o aumento significativo dos índices de criminalidade na região. Números de furto, roubo, homicídio e latrocínio disparam em relação aos anos anteriores.
[bloco 1]
O crime avança diante da ausência do Estado. Não poucas vezes, cidades de pequeno porte do Vale do Taquari estão órfãs de policiamento ostensivo. O resultado está no número de assaltos a bancos e agências dos Correios, onde quadrilhas agem sem temor, fazem reféns e espalham medo e pavor pelas comunidades.
O fato de não repor parte do efetivo policial na região é grave. Não faz muito tempo, a Secretaria da Segurança Pública tirou soldados no interior para reforçar a segurança na Região Metropolitana. Repor esses que foram deslocados para a capital era o mínimo que se esperava.
Se a informação realmente for confirmada, a região precisa se organizar e reagir. Não poderá aceitar passiva a decisão do governo em simplesmente ignorar nosso déficit agudo de policiais. Nossas instituições, especialmente políticas e classistas, precisam se mobilizar e pressionar o governo a repensar a estratégia de deixar o Vale de fora dessa seleção. O aumento da criminalidade, sustentado pelos recentes números, fala por conta.
