A cada episódio de suicídio, um choque. Familiares, amigos e vizinhos tentam entender o que leva uma pessoa a pôr fim na própria vida. Como forma de encontrar explicação à tragédia anunciada, se diz: “Ele (a) estava com depressão.” Há quem julgue, critique e emita juízo de valor. Palavras superficiais, desconexas da realidade, da dor daquele que sofre dessa doença.
A depressão se tornou uma epidemia. Estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que a doença atinge mais de 350 milhões de pessoas. Nenhum especialista se arrisca a dizer os motivos para uma crise. Sabe-se que pode ser resultado da combinação de fatores hereditários, até conjeturas do ambiente, como os valores sociais, culturais e experiências emocionais, com sintomas diferentes em cada paciente. Logo, não há tratamento definitivo.
O diagnóstico complexo é tão presente quanto a dificuldade dos amigos e familiares em lidar com uma pessoa depressiva. A omissão, o distanciamento, as desculpas da falta de tempo para ouvir, aconselhar, encorajar, tiram a base daquele que está em sofrimento. Para o desequilíbrio, basta um pensamento. Não estar ao lado pode ser o estopim para o surto.
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Para evitar essas tragédias familiares, é preciso falar sobre depressão, conversar, se interessar pelo outro. Junto com esse comportamento individual, se faz necessário manter a qualificação das redes de atendimento.
Neste mês, se instituiu no país o Setembro Amarelo. O intuito é conscientizar sobre a necessidade de falar sobre o tema. Casos de atentados contra a própria vida acontecem em diversas faixas etárias, mas na população jovem e acima dos 70 anos estão os mais comuns. Para se ter uma ideia, o suicídio é a quarta causa de morte entre pessoas dos 15 aos 29 anos. De fato, as doenças psicológicas interferem cada vez mais na sociedade e mostram que muitas pessoas têm dificuldade em lidar com as decepções da vida.
Os Centros de Atendimento Psicossocial (Caps) cumprem um papel relevante. Seja de auxiliar famílias e pacientes. Dado o primeiro passo, é preciso manter a vigilância. Com a melhora no acompanhamento e no tratamento dos pacientes, pode-se reduzir a dor e os suicídios.
Editorial
Melhor falar do que calar
A cada episódio de suicídio, um choque. Familiares, amigos e vizinhos tentam entender o que leva uma pessoa a pôr fim na própria vida. Como forma de encontrar explicação à tragédia anunciada, se diz: “Ele (a) estava com depressão.” Há…