A horta de Pedro José Sulzbach, 55, no bairro Boa União, é um exemplo de que o contato com a natureza ainda encontra brechas no espaço urbano. Criado no interior de Estrela, ele aproveita a água da chuva para manter a casa, onde vive com a mulher Eloide e as filhas Suélen e Eduarda.
• Como é o consumo de água na sua casa?
Coleto água da chuva em uma caixa de 10 mil litros, para usar na horta e aproveito para todo o consumo da casa. Uso para a plantação, para a limpeza: para lavar carro, o banheiro, e até na piscina, quando é época. Para usar na cozinha, a gente ferve antes. Há cinco anos faço isso. Tive a ideia porque acho muito cara a água da Corsan. Estou de briga com eles até hoje porque me cobram taxa, e eu nem consumo. Sempre fui de economizar, e hoje, com 55 anos, vejo que a água pode faltar um dia. Trabalho no setor de tratamento de efluentes da Florestal e lá fui conhecendo o processo e vi que dá para se aproveitar muito.
• E como isso se reflete no orçamento doméstico?
Para fazer tudo, gastei, há cinco anos, R$ 2,2 mil, com caixa e motobomba. Antes, pagava em torno de R$ 80 na conta de água. Hoje, pago a taxa mínima de R$ 25. Mas estou querendo eliminar essa também. Consigo ter água o ano todo. Até hoje, nunca faltou. Às vezes, quando vejo que vai chover, eu esvazio, dou uma boa limpada e começo tudo de novo. Também controlo o PH. Se vejo que precisa, coloco um pouco de cloro. Faço tudo.
• A sua horta chama a atenção. De onde vem essa relação com a natureza?
É, eu tenho praticamente uma minichácara na cidade. A nossa saúde começa pela boca; temos que ir atrás das coisas naturais. Aqui eu tenho dois ou três tipos de couve-flor, repolho, radite, beterraba, cenoura, salsa, temperos verdes; tudo que é de verdura a gente planta e come e, às vezes, doa para alguns vizinhos também. É tudo sem veneno; eu mesmo faço o adubo. Vim do interior, de Linha Lenz, e moro há 32 anos no Boa União. É como eu sempre digo para as minhas gurias: se tu não planta, não colhe.
• E é puxado cuidar de tantos cultivares?
Trabalho até as 18h. De manhã, eu tiro uma hora, ao meio-dia, mais uma e também nos fins de semana para cuidar das coisas da casa. Sempre tive esse contato com a terra. A vida é corrida, sempre tem alguma coisinha para procurar o médico, ou o joelho ou a coluna, mas de forma geral, não tenho doença.
Gesiele Lordes: gesiele@jornalahora.inf.br