Um casal que reside há menos de um mês no Residencial Vale das Flores, em São Bento, foi vítima da insegurança. Na madrugada de sábado, 8, roupas e objetos foram furtados na área externa da casa.
O delito foi percebido apenas ao amanhecer. Pior que o prejuízo de cerca de R$ 300 foi a sensação de insegurança após a invasão. “Meu marido não estava em casa e me tranquei no quarto com meus filhos pois não sabia se havia alguém nas proximidades”, conta a mãe de uma criança de 10 e outra de 12 anos.
Com medo de novas ações criminosas, o casal, que prefere não se identificar, pretende reforçar a segurança cercando a casa.
Relatos como esse são corriqueiros no bairro e ganharam mais visibilidade após a depredação de 60% dos túmulos do cemitério da comunidade evangélica luterana, crime registrado no fim de agosto.
Para tratar sobre o assunto, um encontro ocorreu na segunda-feira, 10, com a presença do presidente do Legislativo, Éder Spohr, líderes comunitários, representantes da Brigada Militar (BM) e cerca de cem moradores do bairro.
Na ocasião, eles ressaltaram o fato de contatarem a BM devido a situações suspeitas no bairro, mas não serem atendidos. “No dia da destruição do cemitério, ligamos mais de dez vezes para a BM, mas nenhuma viatura passou por aqui”, lamentou um deles.
O morador também questionou a necessidade de se identificar para registrar a ocorrência. “Já somos visados. Se amanhã alguém depredar a nossa casa ou nosso carro por causa de uma denúncia, alguém vai nos indenizar?”
Conforme a comunidade, há um grupo de jovens que faz pequenos furtos para comprar drogas. Eles suspeitam que esse grupo, que se autodenomina “donos do bairro”, tenha participação na depredação dos túmulos.
Para Spohr, o tema é preocupante uma vez que São Bento era conhecido por ser um bairro pacato e seguro num passado recente. O vereador pretende levar o assunto ao Ministério Público (MP).

Na terça-feira, capitã explicou o funcionamento do Sistema Avante ao pelotão do município
“Manter a fé no sistema”
Embora a comunidade cite que os delitos sejam quase diários, nos registros da BM, há notificação de três furtos de 1º de junho a 31 de agosto. Dois são de veículos e outro de uma residência, com o autor identificado. Esses casos não correspondem a 1% dos delitos praticados em Lajeado, de acordo com a BM.
Na opinião da capitã Karine Soares Brum, a sociedade precisa “manter a fé no sistema”, registrar as ocorrências e contatar a polícia em caso de suspeitas. “Precisamos da ajuda da população para combater a criminalidade”, pontua.
Para reforçar a importância de registrar os delitos, Karine cita o Sistema Avante que mapeia as ocorrências e guia os trabalhos das guarnições. “Se não houver o registo, vou olhar para esse mapa e não vou enxergar a criminalidade em São Bento”, exemplifica.
A capitão destaca ainda a falta de policiais militares no quartel, o que obriga a BM a priorizar os pontos de atuação. Entretanto reforça que serão feitas mais abordagens e rondas no São Bento.
O presidente da associação de moradores, Alceu Weyand, pediu a união da comunidade contra a criminalidade e reforçou a importância de apoiar os órgãos policiais.

Mais de 70 túmulos foram destruídos em ato de vandalismo registrado no mês de agosto
Polícia tem suspeitos de vandalismo
A depredação no cemitério, às margens da ERS-413, aconteceu entre o anoitecer do dia 27 de agosto e a madrugada do dia 28. Conforme a Polícia Civil, 60% dos 150 túmulos foram danificados.
Passadas quase três semanas, o delegado Alex Assmann informa que a Polícia Civil tem suspeitos do crime, mas evita repassar mais detalhes para não atrapalhar as investigações. “O que podemos dizer é que o crime foi cometido por mais de uma pessoa. Esses suspeitos ainda não foram ouvidos pela PC”, ressalta.
Pela falta de câmeras de segurança nas proximidades, Assmann percebe a dificuldade em juntar provas e conta com o apoio da comunidade para obter mais informações. O caso se enquadra em crime de dano de natureza simples. A pena é de três a seis meses de prisão.
Fábio Kuhn: fabiokuhn@jornalahora.inf.br